O ‘pandemíaco’ presidente colocou o Brasil no mapa do inferno
No clássico A Divina Comédia, Dante Alighieri descreveu os nove andares, ou círculos do inferno. Usando da analogia podemos compreender o propósito de Bolsonaro para o Brasil.
As fronteiras são o portão do inferno, sem portas, cadeados ou qualquer tipo de advertência, os estrangeiros desembarcam sem passaportes e são recebidos com a frase: “Levai toda a soberania, ó vós que entrais”.
No primeiro andar está o limbo, onde ficam os indecisos e covardes, uma espécie de purgatório do Centrão, onde vivem os isentões que não sabem o caminho do céu e nem do inferno, agonizam por ali mendigando e alimentando vespas engravatadas.
No segundo andar estão os que se excedem na luxúria econômica, os luxuriosos que enrolam suas caudas corporativas no poder e jogam o mercado de um lado para o outro em fortes redemoinhos financeiros.
No terceiro pavimento estão os gulosos rentistas que se aproveitam da chuva, da neve e do granizo, para garantir lucros volumosos e afundar na lama a pobreza da periferia, mantendo distância excluídos com cercas de arame e ameaças de um cão de três cabeças.
No quarto andar estão os empresários avarentos e falidos, aqueles que acreditaram na política econômica de Paulo Guedes. Sonharam com a roda da fortuna e acordaram rolando pedras grandes e pesadas, colidindo um com os outros.
No quinto andar estão os párias que mastigaram o ódio ideológico, são os irados, rancorosos e arrependidos bolsominions. Vivem no fundo de um rio de suplícios, de preconceitos e ignorância.
No sexto andar abarrotam-se os hereges, os que vivem atrás das muralhas da impiedade, não acreditam na existência da empatia, solidariedade e comunhão. Queimam em brasas dentro de tumbas abertas e templos neopentecostais.
No sétimo andar estão os violentos, assassinos e tiranos. São milicianos de costas largas que operam na construção ilegal de imóveis, nas rachadinhas dentro de gabinetes parlamentares e na execução de desafetos políticos.
No oitavo andar circulam os fraudadores e puxa-sacos. São militares nas filas das nomeações para ministérios e secretarias. Barganham a própria biografia por um cargo.
No último andar e no fundo do inferno estão os traidores. No centro do nono círculo, o próprio presidente se encarrega da distribuição das ordens que venham a comprometer a paz, a saúde e o bem estar social da população.
À época de Dante, no mapa-múndi só havia três continentes conhecidos - Europa, Ásia e África. Pode ser que o Brasil seja antípoda ao polo onde o poeta imaginou a ilha do purgatório, tornando o inferno daqui mais tropical e propício às ocupações do inominável.
Ricardo Mezavila.