Mamãe
Quero homenagear minha querida mãezinha relembrando a minha infância.
Eu me lembro bem quando eu tinha entre cinco e seis anos e encontrei uma caixa guardada com alguns brinquedos meus. Eu até já havia me esquecido deles e como numa descoberta magnífica, fique maravilhada, foi um achado e tanto. Foi como eu tivesse ganhado tudo de novo. Lá estavam algumas bonecas, e a mobília da minha casinha, minha mesinha de jantar verde e bege acompanhada das cadeirinhas. Falo no diminutivo porquê como expliquei em outras crônicas sou mineira. Bem, encontrei também o conjunto de sofás azuis e estampado da sala de estar. Meu conjunto de plástico de café e os tabuleiros de assar meus pães de queijo imaginários. Também encontrei uma barata no fundo da caixa, e por medo corri, mas voltei logo, eu não podia abandonar meus brinquedos reencontrados.
Mas a melhor descoberta foi um livro. Isso mesmo, um livro. Fiquei super feliz, porquê meu sonho era ter um livro. Sabe porquê ? Por quê meus irmãos mais velhos estudavam, iam a escola, tinham seus materiais escolares e eu pequenininha ficava sonhando em ir a escola também. Algum dos meus irmãos deixaram lá na minha caixa de brinquedos um dos seus livros. Então eu passei a andar pra lá e pra cá com esse livro. Mas eu o abria e obviamente como não era ainda alfabetizada, não entendia nada. Eu ainda não tinha idade de ir a escola. Entre idas e vindas com esse livro nas mãos, minha mãe notou o meu apego. E com doçura me perguntou se eu queria que ela o lesse para mim. Fiquei tão contente. Eu iria saber aquela história tão bem quanto meus irmãos.
Então todos os dias ela lia um capítulo para mim, e eu ficava boquiaberta com tão bela história. A história de uma fada. Só que o que mais me chamava a atenção era a voz doce de minha mãe. Nesse dia eu descobri o encanto da leitura. Passei a treinar sozinha as letrinhas que eu via no livro. Eu queria aprender a ler e escrever para que pudesse ler para ela também.
Mas o que foi mais surpreendente é que quando chegou a hora de ir para a escola, eu não queria ir, eu preferia ouvir minha mãe. E cada vez que eu chegava na escola era um choro só. Foi difícil me acostumar. Mas com o tempo aprendi que eu podia ter as duas opções, a escola e minha mãe lendo pra mim. Felizmente aprendi rapidinho a leitura. E então ela passou a comprar livros de Monteiro Lobato. Foi uma infância alegre, de muita leitura e imaginação. Minha mãe quando passava pelo meu quarto sorria ao me ver dando aulas para as bonecas, e eu era tagarela mesmo, mas só em casa, na escola eu era tímida e chorona nos primeiros anos.
No caminho da escola eu ia chorando, mas não era boba não, eu sabia que já era meio dia, porquê quando o rádio do carro anunciava as crônicas da cidade, com a linda voz do cronista, e ao som de Moonlight Serenade, eu me calava para ouvir e só quando terminava eu voltava a chorar para não ir para a escola.
Como podem ver eu era sensível as belas vozes. Hoje gosto de ouvir histórias. Gosto de gente que sabe contar histórias. Sou mais ouvinte do que falante e minha mãe continua me contando belas passagens da infância dela que me fazem rir muito. Obrigada minha mãe pela sua doçura e compreensão, soube naquele dia entender a minha vontade em conhecer a história daquele livro, e continua sempre trazendo lembranças boas da minha infância.
Hoje em dia eu realizei o meu sonho de criança. Eu leio em voz alta para ela.
Mas não termina aqui não, os meus irmãos e os afilhados dela também reconhecem a sua doçura. Essa semana mesmo ela recebeu mensagem de suas afilhadas que diziam assim: “ Madrinha, eu aprendi muito com a senhora, me lembro de quando passava os finais de semana na sua casa, observava o jeito doce da senhora conduzir todas as coisas e o carinho com todos. Obrigada madrinha por tudo. Eu te amo ! Eliane.
E outra: Madrinha, tudo de bom, muita saúde e tudo de melhor pra senhora, te amo muito! Jéssica.
Eu, meu irmão, minha irmã, meu pai queremos te desejar um feliz dia das mães! Temos muito orgulho de tê-la conosco. Minha querida e doce mãe !