DIÁRIO DA PANDEMIA

 

8 de maio de 2020

    Som de sirenes de ambulâncias do SAMU. Prenúncios de sofrimento. O ar, tão abundante,  não achará porta para entrar e manter a chama da vida acesa.
    Contudo, nesse começo de tarde, o sol varou a cortina das pesadas nuvens escuras da manhã. A sua luz e calor permitiram o voo de uma borboleta que quase toquei com as mãos. Voltaram os pássaros, visitantes do nosso quintal. Há um dourado nas casas da colina, do outro lado da avenida por onde passam  as ambulâncias com alarmante frequência.
    Imagino tênues sinais de esperança no retorno dos pássaros, no lamento do fogo-apagou, na algazarra estridente dos bem-te-vis e dos periquitos no coqueiro, no canto da pequenina cambacica. Quem sabe...
    Um botão de rosa promete uma linda flor vermelha para amanhã.


Ilustração: Fotografia tirada ´pela neta Jade,que completou cinco anos  no dia 27 de abril, brincando de fotografar com o seu celular .