Papel manchado

Choram as letras de tanto pesar, mas os olhos são solidários, e a carta portadora de notícia ruim. Isto quer dizer, que algo deu muito errado; o carteiro trouxe a tristeza com selo registrado. As cartas de tarô, desta vez, não mentiram; a figura da morte fez todo sentido.

Mas o que esperar de um relacionamento movido a desconfiança? A distância também não ajuda, as cobranças tornam-se mais corriqueiras, e a comunicação pela metade. O término por correspondência é um convite ao desespero; é o desamor sem poesia.

E, ver o fim desenhado não tem animação certa, no máximo, um borrão de lágrimas, num papel manchado. Assim são as cartas de amor, sentimentos decodificados, um emaranhado de linhas paralelas, que conversam entre si, despertando a atenção do leitor.

Por vezes, representam um coração abobalhado; noutras, um silêncio de dor. De qualquer forma extraem um soluço de saudade, um grito de socorro, um olhar perdido e a expectativa do reencontro.

Jaciara Dias
Enviado por Jaciara Dias em 08/05/2020
Reeditado em 11/05/2020
Código do texto: T6941167
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