Se eu lhe dissesse o quão desejada és... o quão poderosa e radiante és...
E, a sedução que sai de ti é tamanha que nenhum mortal resiste. É preciso a força de mil deuses para não se quedar diante tantas riquezes, tantos encantos e, mais, quão és auspiciosa e ladina. A despertar afetos e apegos, a se fazer necesssária e presente até mesmo na ausência. Se lhe contasse sobre meus pensamentos de dominação e o que farei de ti, submissa e acorrentada à minha existência. Ah! Qual nada! Na vida tudo passa. Passa o bom e o mau momento. Passa o tropeço e a ascensão. Passa a avareza e a miséria. Mas, o que não passa é aquele silêncio que corta as palavras, as intenções e, principalmente, a eternidade. O que não passa é a palavra não dita. A mão não estendida. A oportunidade perdida... O que não passa é a omissão quando deveria agir. O perdão que nunca foi dado. Um óbulo de carinho negado quando eu estava  sozinho e derrotado. Se eu lhe dissesse sobre tudo que senti falta. O chão que faltou. O caminho que errei. E, as palavras que não brotaram pois não conheceram a primavera da coragem e nem frutificaram no último outono.  Que o inverno venha e congele a semântica na alma das pessoas, para que então nenhuma palavra precise ser dita.