Aquela jovem
Com o fim da tarde e começo da noite, veio a saudade. Eu estava em casa, era uma sexta-feira rotineira de uma semana rotineira. Escola, casa, escola, casa… Sem redes sociais e sem tv, resolvi tocar. Já faziam meses que meu violão não soava um dó ou ré. Como um bom romântico, inspirei-me em belos artistas e toquei belas músicas. Mas, a danada da saudade ainda era minha companhia, era até minha plateia. Saudade da moça que não foi mais para a escola depois das férias. Até parece que foi abduzida por et’s, pois ela sumiu do meu mapa. Sumiu mesmo!
Questionei-me por muito tempo. Eu queria saber de qualquer maneira onde estava a menina que tanto me fazia sorrir, por que ela teria ido embora e por que não me disse nada. Eu não tinha mais razões para sentar no fundão da sala, nem para passar o recreio livre, eu não precisava mais deixar a vaga dela no trabalho em equipe. Ela não estava mais lá.
Infelizmente, a mesma rotina que não a tirava de mim, arrancou aquela jovem dos meus pensamentos. Em meio à tanto estudo e coisas banais, esqueci do primeiro amor que brotou dentro de mim. O vazio que o tempo trouxe para meu coração foi tão doloroso, que nunca mais consegui ao menos gostar de alguém. Lá no fundo ela ainda mandava nos meus sentimentos.
Após anos, numa viagem qualquer, eu reencontrei-a. O cabelo estava maior, não usava mais óculos e a maquiagem era negra. Assim como no passado, nos abraçamos, nos beijamos e conversamos. Senti vontade de perguntar por que ela tinha partido e por que ela não tinha me dito nada, mas meu coração havia se libertado. As nossas ações daquele momento, não foram como no passado. Senti o gosto amargo, do fim de um amor, gosto salgado de um sentimento que o tempo levou.