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A Justa Justiça
A vaidade desmedida levou o então juiz Sérgio Moro a negar a justa justiça para alguns políticos famosos viciando o devido processo legal, negando o contraditório e a ampla defesa quando decidiu agir velada e sorrateiramente interferindo e orientando sobre um processo em especial. A Constituição Federal proíbe a interação entre o juiz e as partes - seja acusadora ou de defesa em um processo judicial - exatamente para preservar a isenção do juiz e não viciar o processo. No entanto, não sabemos o motivo que levou o jovem juiz a fazer uso da velha máxima "dois pesos, duas medidas"; Vazamentos seletivos, alguns amigos políticos blindados, e outras interferências que vieram à tona nos vazamentos do The Intercept Brasil claramente mostraram que a justiça do jovem juiz não pareceu tão justa assim. Não pode-se negar que os cofres públicos do país foram subtraídos e muito com a corrupção, que o trabalho foi louvável e que este câncer precisava vir à tona e ser combatido, porém o bom combate sob a tutela da Lei.
Mas, o nobre juiz, talvez imbuído pelo sentimento de Salvador da Pátria, exorbitou do Direito, foi além do legal para alcançar seus objetivos. É constitucional: todo réu tem o direito ao contraditório e a ampla defesa. Imaginem, estarmos porventura um dia na condição de réu e o Juiz e o Promotor de Acusação se unem para levantar ou forjar as provas a fim de nos incriminar? Nesse caso específico foi negado a ampla defesa, uma vez que o nosso advogado não passou de uma marionete em um processo de cartas já marcadas.
O Salvador da Pátria ileso de seus atos, continua com a sua postura impoluta e heroica, afinal combateu a corrupção no País levando corruptos à prisão, sendo admirado por milhares de brasileiros por sua ousadia e coragem. Porém, a vaidade talvez tenha pesado mais uma vez e o juiz decidiu participar de um governo cuja promessa era de extirpar a corrupção de vez do Brasil. Ingenuidade, inocência, ambição, vaidade? Que ingredientes levaram Sérgio Moro a abrir mão de uma carreira promissora de Juiz para fazer parte de um governo que em nada se afinava com as suas características pessoais e profissionais? O que nos ficou claro é que o Brasil padece de pessoas absolutamente íntegras em seus cargos públicos, pois impor condições que ferem a constituição federal para assumir um cargo não parece apropriado para quem foi juiz e como tal tem o dever de conhecer e defender a CF em sua totalidade.
Agora o jovem juiz vê-se desempregado, sem a proteção da toga e também do foro privilegiado. É atacado nas mídias sociais pelos mais diversos nomes e tipos de baixezas. O que também nos revela uma dinâmica intrigante de nossa sociedade, qual seja: o combate a corrupção só pode ocorrer quando se trata de nossos adversários políticos? Os nossos amigos não podem ser investigados mesmo que cometam atos de corrupção?
Eu não sou fã de político A ou B, de partido A ou B; apenas, respeito o resultado das urnas mesmo quando não é o esperado por mim. E torço para que o vencedor faça um excelente governo, pois assim todos nós ganhamos e Nação progredirá. Sérgio Moro, apesar do trabalho que fez no combate a corrupção não é meu ídolo, ainda mais pelos deslizes que cometeu em sua trajetória antes de ser Ministro da Justiça e pelas condições impostas ao assumir o cargo no governo. Suas revelações ao sair do ministério foram bombásticas, até a bolsa de valores despencou e ele será chamado as vias da lei para provar tais acusações. Sinceramente, meu desejo é que ele tenha uma justa justiça na condução do seu processo penal.
Alvaniza Macedo.
05/05/2020