Um Piquenique no Parque
Sydney, Austrália.
Ele, suíço-australiano, 56 anos, status antes de conhecê-la, solteiro porque nunca casara, mas havia tido várias namoradas. Walter.
Ela, brasileira, 35 anos, status antes de conhecê-lo, solteira, prefere não entrar em detalhes. Ana Esther.
Os dois haviam se conhecido havia já um ano e nesse meio tempo ela voltou para o Brasil, trabalhou, preparou tudo para o seu retorno para a Austrália para concretizar mais um sonho em sua vida: viver uma linda história de amor! Agora, de volta a Sydney, aproveitava a sensação de andar de metrô que tanto gostava. Desembarcou na Town Hall Station e subiu para a superfície em plena Pitt Street. No ano em que morara em Sydney enquanto estudante, sempre achara a cidade belíssima, mas naquela época ela não tinha os olhos de apaixonada... A beleza de Sydney com tanto amor em seu coração triplicara, tudo era ainda mais encantador. Caminhar ao longo da Pitt Street para ir ao encontro do Walter, não tinha preço.
O coração dela acelerou ainda mais quando, no meio da multidão cosmopolita em pleno centro de Sydney, ela identificou aquele homem alto correndo em direção a ela, incomodando a passagem dos transeuntes apressados no horário do almoço. Além do coração, ela acelerou também o passo. A poucos metros um do outro os dois pararam e se olharam sorridentes, olhos brilhantes. Na mente dela, uma ideia da loucura de estar numa cidade do outro lado do seu mundo brasileiro e enxergar o homem que ela amava emergindo entre milhares de pessoas. E nem era um filme.
Como se fosse num filme –mas não era!- ele a abraçou com força e a ergueu do chão e os dois rodopiaram felizes na calçada da Pitt Street. Quando finalmente tiveram condições, deram as mãos e caminharam conversando alegremente até o Royal Botanic Garden onde iriam passar a tarde e fazer um piquenique. Lá chegando, encontraram um banco com vista para nada menos do que a belíssima Sydney Opera House... que a essas alturas virou uma pálida paisagem. Olhar um para o outro bastava. Patos e o enigmático íbis branco-e-preto aproximaram-se dos dois e tornaram o momento um tanto mais romântico, se é que isso era possível. Muito bom poder voltar para casa junto com o Walter após o piquenique...
Está na boca de quase todos: “Tudo passa.” Mas, será mesmo? Nem tudo... certamente um amor tão bonito como este continua vibrando infinitamente aí pelo espaço sideral em alguma dimensão dos multiversos quânticos. Assim como ela também descobriu que o coração é tão gigantesco como o cosmos e abriga muitos amores, pois não lhe agrada bater sozinho... Já passou tanto tempo... a união dos dois passou, a Austrália passou, o Walter passou para outra dimensão... Sim, quase tudo passa, mas haverá sempre aquele calorzinho sentido naquela tarde do piquenique no parque com o Walter...
*Esta não é uma obra de ficção.