A vida é um dilema, nem sempre vale a pena
A canção Coração de Estudante, de Milton Nascimento e Wagner Tiso, foi considerada o hino do movimento das Diretas, em 1983/84; O Bêbado e a equilibrista, de Aldir Blanc e João Bosco é o hino à democracia e uma das maiores pérolas da Música Popular Brasileira.
Quem nunca terminou uma noite em um botequim fazendo esse coro, “e nuvens lá no mata-borrão do céu, chupavam manchas torturadas” ou fez uma das vozes em “Amigo é pra essas coisas”, passou a vida bebendo no bar errado.
Hoje a cultura, que perdeu Moraes Moreira recentemente, também perde um dos maiores letristas e poetas da MPB. Nosso Aldir partiu com a alma equilibrista dos bêbados do Estácio, Mangueira, Vila Isabel e de toda a corriola da malandragem da zona norte carioca.
Mesmo com os cotovelos molhados daquela cerveja que fica em cima do balcão, ou bebendo em copo trocado, que são argumentos de um bom sambista, ninguém vai superar o autor de “O mestre sala dos mares”.
Aldir Blanc era um carioca autêntico, na essência, representa a verve da poesia de esquina, com o estilo e a estética de quem aprendeu a escrever nos paralelepípedos das ruas.
O jornalista Xico Sá definiu exatamente o que pensei quando soube que o bêbado ia passar por debaixo do viaduto: “Aldir Blanc não, pelo amor de deus”
Ricardo Mezavila