Carta a Pero Vaz de Caminha

Caro senhor Pero Vaz de Caminha,

No ano de 1500 o senhor escreveu suas impressões sobre o nosso querido Brasil. Hoje quinhentos e vinte anos depois eu escrevo ao senhor contando como está essa pátria abençoada. O nosso povo é guerreiro, herdamos essa bravura dos nativos que o senhor conheceu. Peço desculpas se dificulto o seu entendimento, mas a nossa língua portuguesa sofreu mudanças. Algumas palavras tornaram se arcaicas, outras sofreram mudanças. Se quiser ler sobre o assunto, leia Emília no país da gramática de um maravilhoso escritor infantil chamado Monteiro Lobato. Por aqui temos muitos bons escritores. Sei que sua carta foi o primeiro documento histórico do Brasil e dessa época até os dias de hoje quantas coisas aconteceram. Vivemos momentos difíceis, mas brasileiro, como já disse é um povo guerreiro. Do descobrimento até aqui passamos por grandes transformações. O senhor deve estar achando estranho a forma como eu dirijo a sua pessoa. Se não uso o vossa mercê é porquê agora se diz você, e especificamente aqui na minha região dizemos ocê ou simplesmente cê. Eu falo aqui de Minas Gerais, terra desbravada pelos bandeirantes que estavam a procura de novas terras e riquezas. Muitas vidas foram ceifadas nessa aventura, pestes, mata densa, um trabalho penoso, mas conseguiram chegar a uma terra muito linda, muitas cachoeiras, muitas serras, uma vista maravilhosa, povo hospitaleiro e que o senhor ficaria encantado de conhecer. Mas não é só Minas Gerais que é linda, o Brasil todo é uma terra encantadora e exuberante, cada estado tem suas maravilhas naturais e tradições culturais e como o senhor bem disse : aqui se plantando tudo dá ! Verdade, somos grandes exportadores de alimentos. A nossa terra produz muito. E o homem do campo tem sido responsável por grande parte de nosso PIB. Aquele que planta e colhe ao longo desses séculos tem sido os nossos verdadeiros heróis. Abastecem as nossas cidades que se tornaram gigantescas e precisam mais do que nunca da força do homem do campo. O pequeno agricultor tem trabalhado muito, mãos abençoadas que trabalham a terra. Nas cidades também encontramos grandes homens e mulheres que se levantam muito cedo para realizarem dignamente os seus trabalhos. E o senhor Pero Vaz de Caminha e toda tripulação mereciam conhecer o nosso pão de queijo uma iguaria de nossa Minas Gerais. Aqui se tem uma terra que produz a mandioca que preparada dá o polvilho, um ingrediente do pão de queijo. A mesma mandioca nos dá a maravilhosa farinha. O nosso queijo tem até selo de qualidade . O nosso café, que se tornou a riqueza verde de nosso país, vai muito bem com pão de queijo. Temos orgulho de ser brasileiros e fomos atacados ao longo desse tempo por muitas adversidades, mas vencemos. Mas hoje temos um inimigo que assola o velho e o novo mundo. Quem diria que nosso maior inimigo não viria nem por mar e nem pelos ares. Sabia que naves cruzam o nosso céu ? São os aviões ! Um brasileiro chamado Santos Dumont desbravou os ares do mundo moderno, nosso grande herói, o senhor certamente ficaria deslumbrado com tamanha façanha. Mas como eu ia dizendo, o nosso inimigo instalou se em nossas terras. A nossa nau é nossa casa e para chegar ao fim dessa viagem intactos precisamos nos reinventar. É por isso que eu escrevo estou me reinventando. E estamos confinados dentro de nossos lares, porquê o adversário é invisível. E só o venceremos se ficarmos em casa. Tem feito inúmeras vítimas ao redor do mundo moderno. Mas rogamos a Deus que salve o nosso velho e novo mundo.

Choramos pelas vidas que se perderam em todo mundo, vemos famílias brasileiras sofrendo pela perda dos entes amados. Eu digo ao senhor que esse inimigo é um vírus, isso mesmo, o senhor deve ter enfrentado muitas pestes ao longo das suas viagens. Mas o coronavírus é ainda estudado pelo meio científico que tem se desdobrado para conhecê-lo. Todas as nações do mundo devem cantar em uníssono, o hino da esperança.

Se pudessem ver a cultura, as belezas naturais de norte a sul do nosso Brasil sentiriam que valeu a pena chegar aqui, que valeu o esforço em meio a tantas turbulências. Que o senhor, o rei dom Manuel, Pedro Alvares Cabral e os Reis dona Isabel e Fernando de Aragão (que patrocinaram Cristóvão Colombo para a chegada ao novo mundo) teriam a alegria de conhecer nosso povo nos dias de hoje.

Um abraço, Kelle Marinho.