Tropa de Elite da Pirataria

 

 

            A Tropa Nacional de Elite da Pirataria possui notável competência. Antes do lançamento do mais esperado filme dos últimos tempos, cerca de 1 milhão de cópias bandidas circulava pelas residências tupiniquins.

 

            - São de ótima qualidade – bradou um amigo meu; adquirente de uma delas.

 

            Ele disse isso ante o meu olhar; que deve ter se assemelhado ao de censor dos tempos castos da república verde-oliva. Ficou embaraçado sem que eu lhe dissesse coisa alguma. Justificou a qualidade da obra, o alto custo dos CDs originais – sendo que o original nem havia sido lançado ainda – como necessários ao seu ato digamos: covarde!

 

            Isso mesmo. Atentar contra os direitos dos autores, dos produtores, dos cineastas, dos atores, e dos técnicos, inflama o combustível da criminalidade.

 

            Acham que estou pegando pesado? Dizem que no filme os policiais fazem o mesmo com os bandidos. Por que deveria eu então ser condescendente com que assistiu a uma cópia ilegítima?

 

            - Eu não roubei, somente assisti a uma cópia que alimenta o crime...

 

            Isso meu amigo: você alimentou o crime. Não parece? Pense bem. De quem você comprou a cópia?

 

            - Foi do meu amigo que adquiriu de um cara que não conheço.

 

            Pois é esse indivíduo que amanhã poderá lhe apontar uma arma no sinaleiro. Não que ele faça isso em pessoa, mas toda uma corrente se forma quando a podridão moral parece guiar uma conduta lógica.

 

            Acreditam ser sensato comprar cópia de bandido. Sonegação é crime. Roubo de direitos autorais é crime. Não reconhecer os trabalhos dos artistas é crime. Queremos bons filmes, bons atores, mas damos o dinheiro para o meliante da esquina.

 

            - Mas o original é caro! O cinema é caro!

 

            Claro que são caros. Com tanta gente roubando, você quer que eles ganhem como? Vá produzir um filme, manter uma sala de cinema de boa qualidade, faça as contas e verá que todos ao final pagamos mais caro pela sombra da ilegalidade.

 

            Queremos políticos honestos e pelo menos 5 milhões de espertos já botaram os olhos na película antes da versão oficial. Dizem que até um Ministro: essa foi de doer! Cada um me parece tão puro quanto o Renan. Eu ainda espero pela minha cópia; que assistirei legalmente em um cinema ou na sala de minha casa.

 

            Tenho, talvez, uma visão puritana demais. Acredito que quem faz um trabalho bem feito merece reconhecimento. Ética é palavra difícil para muita gente vivenciar na prática. O pirata somente aperta um botão e usurpa o mérito que pertence a outro.

 

            Cada brasileiro que sofreu de violência, que perdeu parentes, amigos, foi indiretamente lesado por aquele que comprou uma cópia pirata. Pesado demais? Então, não assista ao filme pirata. Prestigie o excelente Wagner Moura e os demais participantes do elenco pagando a quem de direito; aprendendo a limpar da alma nacional mais essa praga: o “irritante jeitinho brasileiro”. Paguei Geral!