A maquineta
Quando minha mãe era criança gostava muito de brincar com o irmão mais novo. Eles tinham uma diferença de apenas um ano e nove meses. Os outros irmãos eram de uma diferença de idade maior. Os dois brincavam, mas as vezes arreliavam. Minha mãe passava o dia brincando de bonecas com suas amiguinhas, no entanto, havia dias que ficava fascinada com o pião, com o papagaio (pipa), as bilocas(conhecidas por muitos como bolinha de gude).
As brincadeiras eram tantas e diversificadas que não havia tédio naquele tempo. Os quintais eram enormes e o quintal deles se dividia em dois níveis, no de baixo o pomar e no de cima o galinheiro. As árvores eram goiabeira, amoreira, mamoeiro, laranjeira, mangueira, jabuticabeira. E de um lado a hortaliça da avozinha querida que morava com eles. Aqueles quintais se transformavam num mundo de aventuras. Brincavam de Cowboy sendo que meu tio se intitulava o Roy Rogers e outras vezes se passava pelo Tarzan.
Mas o grande anseio de minha mãe era possuir uma maquineta onde se enrolava a linha para soltar o papagaio. E sabedor disso, meu tio muito esperto resolveu fazer uma troca, ela daria o pão com bife acebolado pra ele em troca da maquineta. Ficou felicíssima com a troca e foi pedir pro irmão mais velho fazer um papagaio pra ela, só que a alegria durou pouco, meu tio mais novo muito esperto ao acabar o lanche pediu a maquineta de volta. Bela troca, não durou nem cinco minutos. A decepção foi enorme, sonhara tanto com a maquineta, mas também não durou muito, logo foi ver os patinhos que haviam nascido.