QUAL O SEU DESTINO?

Destino é incerto. Substantivo masculino encerrando dois significados. É imaginação pura, ou realidade que acaba em ilusão, e o futuro já está definido.

Comandamos nossa vida? De certa forma sim. No ato de escolha de conduta e como vamos conviver em sociedade. Mas a alma, nosso maior fundamento, parte como espírito ao final, mas é moldada em nosso interior como pensamento em nossa existência.

O quê é alma? Definir, projeto impossível, pretensão descabida, tola. Pode-se dizer que é irmã gêmea do pensamento. Ambos intangíveis, daí o grande enigma. Uma nos levaria ao eterno na promessa da nova aliança, como espírito, a outra envolta na rede elétrica de neurônios, inexplicável sua formação, como a vida, atalho imaginário tentado construir para o santuário impenetrável que abraça o anímico, alma.

Santuário de portas segredadas, cerradas, alma, aspirado entrar por todos que se entregam a essa árdua e impossível tarefa, sumamente superior às forças humanas, campo de estudo das grandes questões inacessíveis. Vale a corrida frenética de penetrar o menos no tudo do impenetrável. Não se penetra no éter. Mas ele existe.

A corrida moveu religiosos e filósofos, faz parte do orgânico núcleo dos pensadores que não se frustram na estrada áspera tanto quanto doce. É alimento da vida esse acesso complexo e difícil.

A persecutória entrega traz retorno, ainda que medianamente satisfatório. Procurar a verdade pelo conhecimento satisfaz tanto ou mais que descerrar véus. O santuário, ao menos, é “tentado” frequentar. Mas não tem forma, apenas expressão etérea. Embora cerradas, bate-se nas portas fortemente.

Mas, elas nunca se abrirão! O desconhecido não desfaz seus véus. Continua indecifrável a motivar a vida rica da alma.

Na passagem da matéria poderá se dar o encontro do não revelado à impureza dos sentidos em vida material maculados pelo burburinho dos sonhos mundanos, então já como espírito, em planos diversos, onde vai resgatar suas dívidas e créditos.

Viver de fé é sublimar o corpo, a matéria que é a forma do mundo, da natureza. Em sânscrito, a fé, “visvas”, guarda similitude quase gramatical com a ação do verbo viver, dirigindo-se a respirar, energia vital, confiar e estar livre do medo.

Quem está na posse da tranquilidade, onde a respiração faz fluir a vida expressiva, tem a compreensão intuitiva de parte da verdade, não da realidade toda. É o caminho para penetrar parcialmente na intuição da alma. O santuário, fechado à inteligência, está aberto às indagações que levam à esperança do credo em algo melhor. É a chave para tranquilizar o espírito indômito.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/05/2020
Reeditado em 03/05/2020
Código do texto: T6936133
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