Casa, Quarto e Quarentena
Chego à janela e sigo com o olhar o caminhar de algumas pessoas. Predominantemente idosas, agem como se a convivência com o coronavírus fosse normal. Sem qualquer proteção, demonstram uma certa tolerância e intimidade com a pandemia.
O carro de som circula no asfalto lembrando a presença invisível do inimigo. Simplesmente ignoram.
Para onde vão? Talvez mercado, farmácia, quem sabe caminhar na praia numa cidade isolada ao trânsito para estranhos.
Teriam algum motivo especial ou simplesmente a satisfação pelo desrespeito às normas internacionais e recomendações vigentes no país?
Eu, em distanciamento social, obediente às orientações responsáveis; a família dentro do possível em resguardo, imagino-me presa num imenso engarrafamento seguindo o fluxo do trânsito na minha faixa de rolamento enquanto estranhos apressados trafegam pelo acostamento.
Sim, os mesmos que promoverão a desordem mais à frente prejudicando ainda mais o percurso normal no tempo.
Mas os “espertos” caminhantes de agora desconhecem os engarrafamentos da vida.
As dores de barriga, infartos e acidentes sejam cerebrais ou de rua, sinusites e chicungunhas continuam na pista como todas as outras patologias, donde se conclui que as doenças são PÚBLICAS e a permanência na rua poderá prejudicar qualquer atendimento de emergência aos necessitados não coronados. Além do contágio, o chamado “efeito colapso” das UTI’s.
Todos serão prejudicados.
Se você é um idoso lúcido e orientado, procure ficar em casa o maior tempo possível. Sei que é difícil, afinal, como afirmou Clarice Lispector, “o mais difícil é não fazer nada: ficar sem fazer nada é a nudez final.” (Clarice Lispector)
Rogoldoni
04 04 2020
Crônica premiada com Menção Honrosa nos Concursos Relâmpagos de Crônicas pela UBE/RJ União Brasileira de Escritores seção Rio de Janeiro e da AJEB/RJ (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil RJ) 2020.
https://rascunhosdarogoldoni.blogspot.com/2020/05/casa-quarto-quarentena.html
Chego à janela e sigo com o olhar o caminhar de algumas pessoas. Predominantemente idosas, agem como se a convivência com o coronavírus fosse normal. Sem qualquer proteção, demonstram uma certa tolerância e intimidade com a pandemia.
O carro de som circula no asfalto lembrando a presença invisível do inimigo. Simplesmente ignoram.
Para onde vão? Talvez mercado, farmácia, quem sabe caminhar na praia numa cidade isolada ao trânsito para estranhos.
Teriam algum motivo especial ou simplesmente a satisfação pelo desrespeito às normas internacionais e recomendações vigentes no país?
Eu, em distanciamento social, obediente às orientações responsáveis; a família dentro do possível em resguardo, imagino-me presa num imenso engarrafamento seguindo o fluxo do trânsito na minha faixa de rolamento enquanto estranhos apressados trafegam pelo acostamento.
Sim, os mesmos que promoverão a desordem mais à frente prejudicando ainda mais o percurso normal no tempo.
Mas os “espertos” caminhantes de agora desconhecem os engarrafamentos da vida.
As dores de barriga, infartos e acidentes sejam cerebrais ou de rua, sinusites e chicungunhas continuam na pista como todas as outras patologias, donde se conclui que as doenças são PÚBLICAS e a permanência na rua poderá prejudicar qualquer atendimento de emergência aos necessitados não coronados. Além do contágio, o chamado “efeito colapso” das UTI’s.
Todos serão prejudicados.
Se você é um idoso lúcido e orientado, procure ficar em casa o maior tempo possível. Sei que é difícil, afinal, como afirmou Clarice Lispector, “o mais difícil é não fazer nada: ficar sem fazer nada é a nudez final.” (Clarice Lispector)
Rogoldoni
04 04 2020
Crônica premiada com Menção Honrosa nos Concursos Relâmpagos de Crônicas pela UBE/RJ União Brasileira de Escritores seção Rio de Janeiro e da AJEB/RJ (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil RJ) 2020.
https://rascunhosdarogoldoni.blogspot.com/2020/05/casa-quarto-quarentena.html