Mãe...
Mãe
Há muitos anos, fico com as mãos vazias neste que é mês das mães.
E vou guardando a dor de não ver teu olhar maroto ao meu chegar com teu presente e ouvir a falsidade do: não precisava não minha filha.
Precisava sim mãe.
Era pra te dizer do meu amor infinito.
Era pra te dizer mãe, o quanto a senhora era rainha da minha vida.
Era pra te dizer minha paulista que tua
presença, me era porto.
Que por teu abraço quente, eu dava a própria vida, sem titubear um milésimo de segundo.
Mãe, a senhora brigava tanto comigo.
Eu ria disso tudo.
Eu ria muito mãe.
Nunca aprendi a ter tua vaidade. E a senhora, uma linda!
Nunca mãe, eu nunca irei me esquecer do brilho do teu olhar em minha Colação de grau.
Eu, que por cansaço da luta, quase desisti.
Mas a senhora chorou, ficou triste.
E, com teu imenso apoio, eu prossegui. Eu conclui. E o teu olhar, meu Deus..quanto brilho.
E o primeiro abraço, foi o teu minha mãe!
A senhora mãe, tinha defeitos.
E foi perfeita, pois eu detesto e tenho medo enorme, de gente sem defeitos.
A senhora sempre foi uma menina de metro e menos que meio.
A senhora mãe sempre advinhou minhas lágrimas e as secou no ombro do vestido. Era quando eu me abaixava para caber no teu abraço.
No cheiro dos teus longos cabelos de índia.
E veio um tempo bom.
Aparadas as arestas da vida.
Eu pude dedicar-me mais a nós.
No que, a senhora também.
E nossos finais de semana, eram sagrados.
E era com alegria e um dividir a cerveja, que eu pude cozinhar para a senhora mãe.
Quanto apuro, no temperar.
E teus olhos, a me observar sempre risonhos, moleques. E ver a tua felicidade mãe, era tudo pra mim.
Donde a nossa conversa sem pressa.
Donde o mundo era fraterno.
E a vida fluia em minhas veias.
E nada, nada mãe, era empecilho para tua filha.
A luta era sagrada, e o pão saboroso.
As tardes deslumbrantes em seus matizes.
E a passada para pedir a benção da noite, me preenchia numa PAZ sóbria, capacitante.
Não devo me esquecer o quanto a senhora cuidou meus filhos para que eu conseguisse tão belo grau de plenitude como mãe, mulher e profissional.
Mas, eu não percebi o bafo da tragédia mãe.
Éramos felizes.
A senhora era feliz.
Mas o mundo escureceu.
Eu nunca mais lhe vi minha mãe adorada, que chega em meus sonhos e eu não posso tocar teu rosto lindo.
Tua sombrinha de sinhá.
Teu passinho curto.
Em que estrela.?
Em que galáxia.?
A senhora está mãe?
E minhas mãos estão nuas.
Sem presentes.
Oh, mãe!
Goiânia/Go. 2019
Reed...