(Fonte: mensagensbonitas.com)
Como vai você? Há tempos não nos vemos! Diria eu que muitos verões se passaram. Não os contei, distraída que estava com o olhar vigilante, fixo ao final da rua, esperando-o dobrar a esquina se aproximando. Tive saudades, sabe? Vendo-o agora, penso que o coração é às vezes mais resistente do que imaginamos! Suportei sua ausência e, confesso, com pesar. O pensamento que me levava àqueles dias trazia de lá um dorzinha bem no fundo da alma, que eu sufocava dizendo a mim mesma que você em breve viria. Então, de mãos dadas faríamos passeios que nos eram tão prazerosos!
Você se lembra? Gostávamos dos mesmos cenários e buscávamos sempre o mesmo banco na praça. Parecia que nos era reservado como se nossos nomes estivessem lá gravados. Ah! Lembrei-me! Você, em dado momento, escreveu nossas iniciais com giz e me disse que não se apagariam com o tempo, pois o amor não se vai tão fácil quando é verdadeiro! Eu acreditei...Quanta efemeridade! No entanto, nem sei se este dia ficou tatuado em você como ficou em mim, por longo tempo.
Descobri que tatuagens não são eternas! Desfazem-se! Quando isto aconteceu? Não sei! Deixei de contar as horas...depois os dias... Deixei que a vida me levasse e, veja! Até me acostumei com a sua ausência! Chorei, mas não tenho marcas de lágrimas no rosto, pois a maquiagem do tempo disfarça e, aos poucos, as imagens vão se tornando pálidas até ficarem em preto e branco. Não! Não em preto e branco, mas sim amareladas, enquanto o desgaste vai corroendo as arestas desse quadro esculpido na memória, como se fossem traças destruidoras até das saudades.
Olhando seu rosto percebo vincos que não existiam. Têmporas grisalhas? Rugas? Vejo marcas em torno dos seus olhos e boca! Suas mãos tremem um pouco, talvez mais do que as minhas. Seus olhos...meus olhos...será que guardam o mesmo brilho? Não posso deixar de sentir uma estranha emoção quando se cruzam e um laivo de melancolia semelhante ao que me causa a visão do crepúsculo. Acho que chegamos ao nosso crepúsculo sem termos vivido todas as horas do dia.
Eu? Ah! Continuo a mesma! Embora anos tenham se passado e algumas feridas tenham sido doloridas, sou a mesma de sempre: ainda tenho sonhos, desejos, fantasias, tudo isto com vestes novas, uma nova realidade e crenças, e uma clarividência que não tinha. Desenvolveu-se com o tempo e com a maturidade.
Cabelos brancos? Sim! Tenho-os! Os recursos modernos disfarçam-nos! No entanto, o meu interior não se maquia. Apenas muda e se adapta aos novos momentos.
Olhando para você, é como um filme em alta rotação passando sem se deter nos detalhes! As nuances sempre ficam ocultas no mundo da desesperança e acho que nossos detalhes se perderam lá. Para que os detalhes se as imagens empalideceram?
Por isto pergunto: como vai você?
Najet, 17;04;2020.
(fonte: rinomania)