Foro ou gabinete do ódio
O ódio, o rancor ou a execração é o contrário ou o oposto ao amor, à benquerença ou à afeição. Parecem ser coisas ou sentimentos antagônicos, mas que coexistem, existindo um, logo, o outro; ou ao acontecer o amor, fatalmente aconteceria o ódio. Desconfio que a humanidade seja fadada a essa dualidade do sentimento. O homem, assim que surgiu, um foi Caim; o outro, Abel. Se o primeiro se destinou à maldade; o outro, vítima do irmão, à bondade. Penso em fugir desse quase lógico maniqueísmo, em respeito ao que já li da diversidade e da relatividade das ideias, das coisas e também dos sentimentos. Contudo, nesse mundo, há de tudo, sobretudo também gente boa. Daí, lamentar, quando morre uma pessoa boa, e, em seu lugar, aparecem logo cinco que não prestam, com sadia longevidade...
Há quem, logo cedo, tenha se encaminhado, por alguma razão, à prática do instinto da perversidade. Lembro-me dos tempos de menino, quando conheci quem jogasse prego incandescente para o sapo engolir; ou sal nas costas desses batráquios para vê-los sofrer. Crescendo assim, certamente foi um daqueles que furtaram a galinha do pobre agricultor, e que, no delito, tendo sido visto pelo burro, furou olhos desse animal com a chave de fenda. O ódio enseja a crueldade? Passei a vida a indagar explicações de tais fatos desumanos. Dias atrás, alguém se referiu a um jovem já taludo: “Aquele ali, criança, já era problemático, e agora, adulto, tem piorado”... Sem dar nomes aos bois, certamente, o leitor conhece quem se dedica a ser um “poço de maldade”, levando o poeta a cantar: “A maldade dessa gente é uma arte (...)”. Ou diria: é sua “arte”.
Sobre o amor, Hegel, para justificar a dialética e suas fases, esclarece que o amor não atinge a perfeição. Então, imaginei que ódio, esse maldoso instinto, em certos comportamentos, chega a atingi-la, com maior facilidade. O difícil, realmente, é amar com perfeição, como ordena o mandamento: “Amar Deus e o teu próximo como a ti mesmo”. Ou, tão mais difícil será “fazer o bem aos que te odeiam”. Quem já não se viu sendo alvo de ódio, gratuitamente, sem algum motivo para isso? Pequena é a distância entre o ódio e a antipatia. Circunstâncias não nos faltam para padecer de alguma “injustiça”, seja por razões de inveja, de ideologia, de política e até, imagine, de religião. E essas são motivações maiores, porque tanto o amor como o ódio também se alimentam das pequenas coisas, como afirma Balzac. As “almas pequenas” rancorosas ou odientas adulteram a verdade sobre seus perseguidos. Assim, o ódio tem sido difundido, com teor político ideológico, até nas concentrações de igrejas. Ultimamente tenho lido e ouvido, não sei onde, que a Justiça anda à procura de um “Gabinete do ódio”, que estaria, dappertutto, maquinando fakenews e inverdades desabonadoras contra seus odiados. Enfim, de todos os alvos do ódio, sempre o mais odiado pelo injusto e desonesto é o honesto, justo e competente...
O ódio, o rancor ou a execração é o contrário ou o oposto ao amor, à benquerença ou à afeição. Parecem ser coisas ou sentimentos antagônicos, mas que coexistem, existindo um, logo, o outro; ou ao acontecer o amor, fatalmente aconteceria o ódio. Desconfio que a humanidade seja fadada a essa dualidade do sentimento. O homem, assim que surgiu, um foi Caim; o outro, Abel. Se o primeiro se destinou à maldade; o outro, vítima do irmão, à bondade. Penso em fugir desse quase lógico maniqueísmo, em respeito ao que já li da diversidade e da relatividade das ideias, das coisas e também dos sentimentos. Contudo, nesse mundo, há de tudo, sobretudo também gente boa. Daí, lamentar, quando morre uma pessoa boa, e, em seu lugar, aparecem logo cinco que não prestam, com sadia longevidade...
Há quem, logo cedo, tenha se encaminhado, por alguma razão, à prática do instinto da perversidade. Lembro-me dos tempos de menino, quando conheci quem jogasse prego incandescente para o sapo engolir; ou sal nas costas desses batráquios para vê-los sofrer. Crescendo assim, certamente foi um daqueles que furtaram a galinha do pobre agricultor, e que, no delito, tendo sido visto pelo burro, furou olhos desse animal com a chave de fenda. O ódio enseja a crueldade? Passei a vida a indagar explicações de tais fatos desumanos. Dias atrás, alguém se referiu a um jovem já taludo: “Aquele ali, criança, já era problemático, e agora, adulto, tem piorado”... Sem dar nomes aos bois, certamente, o leitor conhece quem se dedica a ser um “poço de maldade”, levando o poeta a cantar: “A maldade dessa gente é uma arte (...)”. Ou diria: é sua “arte”.
Sobre o amor, Hegel, para justificar a dialética e suas fases, esclarece que o amor não atinge a perfeição. Então, imaginei que ódio, esse maldoso instinto, em certos comportamentos, chega a atingi-la, com maior facilidade. O difícil, realmente, é amar com perfeição, como ordena o mandamento: “Amar Deus e o teu próximo como a ti mesmo”. Ou, tão mais difícil será “fazer o bem aos que te odeiam”. Quem já não se viu sendo alvo de ódio, gratuitamente, sem algum motivo para isso? Pequena é a distância entre o ódio e a antipatia. Circunstâncias não nos faltam para padecer de alguma “injustiça”, seja por razões de inveja, de ideologia, de política e até, imagine, de religião. E essas são motivações maiores, porque tanto o amor como o ódio também se alimentam das pequenas coisas, como afirma Balzac. As “almas pequenas” rancorosas ou odientas adulteram a verdade sobre seus perseguidos. Assim, o ódio tem sido difundido, com teor político ideológico, até nas concentrações de igrejas. Ultimamente tenho lido e ouvido, não sei onde, que a Justiça anda à procura de um “Gabinete do ódio”, que estaria, dappertutto, maquinando fakenews e inverdades desabonadoras contra seus odiados. Enfim, de todos os alvos do ódio, sempre o mais odiado pelo injusto e desonesto é o honesto, justo e competente...