354 - DAS MEMÓRIAS DE UMA PEDRA...



Lembranças, trago na minha memória. Recordações guardei de tempos remotos e, ou como disse um poeta: lembranças de “priscas eras”. Lembranças que remontam antes mesmo do início do meu interagir com o homem. Anteriores mesmo, ao tempo das pedras lascadas, e que me dão conta como as mais antigas que consigo lembrar, que passaram me dar forma e feitio tornando-me utensílio e amálgama.
Que lembranças eu trago como objeto de valor intrínseco ou puramente material levando em conta a raridade ou abundância.
Que memórias trago do meu relacionamento com o homem já que o uso não dependia da minha vontade era um uso circunstancial.
Seria “Eu” um simples obstáculo ao poeta ou como uma pedra que se retirada do caminho, daria luz à escritora, cronista e poetisa, uma oportunidade de falar sobre seixos rolados no leito do Córrego da Penha, seixos que à descoberta dos imigrantes buscadores de riquezas se revelaram na pureza das Águas do Córrego, águas que hoje, além de agora diminutas ainda não se prestam à captação, talvez por contaminação quem sabe por inapetência política dos homens até hoje.
Pedra no Caminho do poeta que daria a ele a oportunidade do enfrentamento à superação passando sobre, ou possiblidade de contorná-la à esquerda ou à direita. Eu, a Pedra, também daria a ele um sentido político que nortearia toda sua obra.
Eu, a Pedra, branca, dourada ou negra, tive valor e beleza quando o artífice de posse do cinzel diante do bloco de granito disse “Parla”, revelando toda beleza contida naquele bloco de forma e linhas retas. Agora com valor intrínseco embutido pela alma do autor.
Mas, chega de falar de mim como o centro das coisas embora, às vezes, o seja, quando incorporado à massa dou firmeza ao conteúdo.
Toda essa filosofia do valor que se possa ter na vida das pessoas após um relacionamento, que não termina no uso, mas, que continua na essência dos valores e ensinamentos deixados como um legado que é muito mais que o pétreo material e que perderá forma e essência materializada em pó.
Legado esse que impossível aferir quando não mais estarei presente fisicamente, qual será o meu legado? São, Memórias de uma Pedra.
CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 29/04/2020
Reeditado em 13/05/2020
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