Todos os dias Joana fazia a mesma trajetória para o trabalho. Naquela segunda feira, as sete horas matinais, mais uma vez ela observou que aquele grupo de homens, seis para ser exato, já estavam ali novamente em frente à igreja do Centrinho. Cotidianamente ela os via ali, mas nunca havia parado para contemplar aquela cena tão caótica e ao mesmo tempo tão desafiadora. Por alguns minutos, Joana ficou a observá-los.
Eles pareciam felizes com uns quatro litros de álcool do lado, eles conversavam, falavam não se sabe de que, gesticulavam e tomavam aquele álcool. Joana, que diariamente se deparava com a mesma cena no caminho para o trabalho e ao voltar a noite do lanche onde costumava jantar, começou a se questionar. Tinham família? Alguém os espera em casa? São felizes de verdade? Tem lugar para dormir? Desejam sair dessa condição? A sociedade, as autoridades já desistiram deles? Era uma tempestade de pensamentos a rodopiar na cabeça de Joana.
Cada um deles, com certeza tem uma história, ninguém chega a esse estado vegetativo por acaso. Quantos ali sofriam e faziam sofrer os seus? Com certeza, não era uma vida humana digna. Provavelmente dias e noites ali no centrinho, bebendo e bebendo e bebendo, era uma forma de fuga para alguma dimensão mental que lhes anestesiassem e os fizessem esquecer naquele momento quem eram ou quem deveriam ser.
Eles desejam uma fuga da vida sem adentrar na morte, pensava Joana, estática, imaginando o quanto eles provavelmente sofriam com aquela sensação de impotência diante da dependência do álcool. O sofrimento deles era o sofrimento dela, sentiu uma extrema necessidade de ir até lá e conversar, sentiu os olhos marejarem, mas se conteve.
Algum dia eles hão de encontrar seus rumos, pensou. Suspirou fundo e ainda atônita seguiu seu caminho. Era só mais um dia na vida de Joana.
Cada um deles, com certeza tem uma história, ninguém chega a esse estado vegetativo por acaso. Quantos ali sofriam e faziam sofrer os seus? Com certeza, não era uma vida humana digna. Provavelmente dias e noites ali no centrinho, bebendo e bebendo e bebendo, era uma forma de fuga para alguma dimensão mental que lhes anestesiassem e os fizessem esquecer naquele momento quem eram ou quem deveriam ser.
Eles desejam uma fuga da vida sem adentrar na morte, pensava Joana, estática, imaginando o quanto eles provavelmente sofriam com aquela sensação de impotência diante da dependência do álcool. O sofrimento deles era o sofrimento dela, sentiu uma extrema necessidade de ir até lá e conversar, sentiu os olhos marejarem, mas se conteve.
Algum dia eles hão de encontrar seus rumos, pensou. Suspirou fundo e ainda atônita seguiu seu caminho. Era só mais um dia na vida de Joana.