OS SAPATOS DA MAMÃE

Autor: kyriadalua.

- Troc! Troc! Troc! Vaaaampt! Troc!

Era um som muito estranho para ser ouvido àquela hora da manhã.

Pessoas acordaram assustadas, vestiram-se apressadas e correram aos portões de suas casas.

Os madrugadores esqueceram, sobre o balcão da padaria, sua refeição matinal e foram para o passeio.

Seguiu-se a estes o próprio padeiro (que até deixou os pães queimarem) e o funcionário do caixa que também não guardou na gaveta o dinheiro já recebido de clientes.

Todos queriam saber o que estava acontecendo.

Foi então que a viram: uma figurinha exótica, menos de um metro de estatura, a esbanjar todo seu charme na passarela das calçadas!

Teria ela saído antes que seus pais despertassem? – ninguém sabia.

Ela nem se dava conta de que estava, naquele momento, a despertar o que havia de melhor em cada um daqueles corações.

Os mais sérios, sisudos mesmo, esboçaram sorrisos carregados de ternura, os demais sorriram abertamente e juntos passaram a seguir protetoramente os passos da pequenina que certamente trouxera alegria ao dia deles.

- oh! que lindo! - Murmuravam uns;

- que cena mais doce! – diziam outros.

Sem dar atenção à multidão que a seguia, nossa heroína continuava o passeio:

- Troc! Troc! Vaaampt! Troc!

Assim, aquele dia, perdeu para sempre sua data numérica no calendário e passou a ser conhecido como o dia em que a cidade parou.

A cidade parou para assistir a caminhada da princesinha vestida com seu surrado pijama de malha, usando fraldas completamente molhadas e calçando nada menos que: os enoormes sapatos de festa da mamãe!

Imaculada Catarina