INSOLITA CENA
INSÓLITA CENA
Regina Barros Leal
Todos riam sem parar! As velhas senhoras, de tanto brincarem, sacudiam seus corpos pesados, quase que sufocadas, pelas idas e vindas de suas gargalhadas. Realmente era hilariante ver aqueles dois rapazes, vestidos de roupas femininas a dançarem sem parar na frente da área de cinemas do shopping. Não se sabia bem por que, mas eles dançavam soltos, ora rock ora baião, ora samba... e muitos outros ritmos. A banda troveja, divertindo a plateia bastante curiosa! As pessoas paravam para olhar e não conseguiam deter o riso. A meninada soltava assobios e batia palmas. Era uma cena e tanto.
De repente, eles pararam e começaram a se despir. Foi um alvoroço! As senhoras cobriam os olhos com as mãos, meio- estonteadas. Os meninos, para cada peça retirada, uma gritaria só. Os rapazes diziam piadas. As mocinhas cochichavam curiosas. No entanto, eles, os responsáveis pela grande confusão, não demonstravam incômodo e continuavam a tirar as peças, devagarinho, fitando aqueles olhos assustados. As saias, as blusas, os sapatos, as meias, os colares, até que finalmente ficaram de traje de banho. Usavam sungas azuis. Riram ao tirar todas a peças do traje feminino.
Ninguém entendia por que eles estavam tão sorridentes!
Eis então que apareceu a parafernália da TV! As filmadoras, as luzes, a atmosfera. Na verdade, era a montagem de uma propaganda. Apresentaram-se moças de biquínis, crianças com roupões de praia, mulheres usando outras peças de praia, acessórios, como: bolsas, óculos, bonés etc. Foi um fuzuê. Surgiu um palhaço... dando risadas ... fazendo gracejos e chamando outros que traziam uma faixa branca. Ao chegar no meio da praça, virou-se e eis o que estava escrito:
NÃO SE ASSUSTEM COM A PRAIA!
BASTA USAR A MARCA “SOL PRAIANO”
Foi demais! Coisas do consumo!