Vídeos institucionais e máscaras
Mesmo na sua adequabilidade vídeos institucionais costumam sair caro aos contribuintes. Na repetição que é a alma da grandeza informativa os grandes e poderosos sítios informativos já declinaram ao pequeno e frágil cidadão seus deveres para com o próximo. Muito embora a contradição gritante do repórter no conforto do carro perambule pela cidade sem máscara. O microfone salva e depõe contra o objeto desejado.
Ter medo de vírus é um pavor diante do aviso do pior que é reconhecer a fragilidade medonha da saúde pública nacional. Nunca um vírus recebeu tamanho bulingue (bullyngue) neste século da busca sanitária. Todos contra o invisível vírus. Vírus se espalhando. Vírus matando sem piedade. Vírus por todos os lados, trombeteado às últimas consequências que é a estagnação. A imobilidade social eternamente parcial devido à vital dependência da grande sinergia coletiva. Ocorre que solicitar medidas aos indivíduos fragilizados pela mendicância e desamparo possui algo de cínico. O país sempre devastou vidas e inutilizou compatriotas ao devoramento do lucro sem reparação da exploração vigorosa, atrativa, colorida. Somos um povo bom que obedece e se deleita com a estética da realidade.
Acabo de assistir ao vídeo encenado num município emancipado e relapso quanto ao desenvolvimento de sua autonomia. O vídeo apesar da sua adequabilidade sobre o uso de máscara deve ter custado caro. Posso estar enganado. Talvez alguma alma de coração benfazejo tenha doado o vídeo. Tenho minhas duvidas. Tal município de fronteira sequer possui hospital e necessita da comarca mãe para qualquer socorro.
Todos os princípios de saneamento básico, incluindo a parte cloacal, está pronto para entregar todas as almas próximas das valetas podres ao surto das doenças em geral. Por descaso histórico devia o governo central criar através de Lei um "mapa público de investimentos" das obras realizadas. Amplamente supervisionado pela ABIN, PF, STJ, todos os poderes, para avaliar de perto os rincões administrativos no trato da verba pública. Essa ação foi chamada de transparência um dia.
Ocorre que o olhar primeiro recai sobre pobres funcionários que não passam de ajudantes de ordens de cima para baixo. De tal modo que ao avistar o lindo vídeo, que se dedica ao “plano da consciência coletiva” para "utilização de máscaras", percebemos o seguinte fato alusivo: a informação oculta a realidade.
Tudo depende do enfoque da pauta. A informação pode dissimular questões que deviam ser menos relativizadas e essencialmente bem compreendidas. Mas se destina as consciências ingênuas, amantes da alienação extravagante da produção hedonista de imagens.
Depõe contra o indivíduo desamparado ainda mais uma culpa indefesa: tal município sequer possui hospital! O mais próximo localiza-se no mínimo vinte e dois quilômetros da comarca vizinha. O município mãe para casos de pandemia possui população superior a este "municipiozinho" desarticulado. Por sorte não há nenhum caso confirmado até o presente momento da doença em pauta. Quantas doenças existem? Ninguém pensa em hospitais senão diante das doenças graves, dos acidentes, das desgraças. Ah pobre município rico e mal regido há décadas! Não possui fórum, não possui independência em nenhum aspecto. Sempre dependente da comarca original.
Toda esta malfadada emancipação nasceu de plebiscito (onde somente a parte interessada votou pelo direito de ser independente) e possui uma única escola municipal úmida, mal constituída, defendida apenas por aguerridos professores. Profissionais que vivem com tremenda dificuldade e sem plano de carreira há no mínimo dez anos. (Parece-me que ao arrepio da Lei porque o Plano de Carreira é Lei Federal para toda a nação brasileira).
Decepção dolorosa para quem vê da ótica educacional a maquiagem elementar dos fatos. Sim é preciso utilizar máscara. Com todas as trombetas soando no sentido do vírus há poucas trombetas rogando por hospitais dignos para sempre.
Município de Orleans
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