As flores. Dois destinos

Preparada ao mais ínfimo pormenor,a ostentação e o luxo andavam de

mãos dadas naquele bairro.Condomínio fechado,segurança privada.

Os convidados chegavam em carros luxuosos,motoristas a preceito.

Escadaria á moda antiga.Por entre todo aquele deslumbramento de vaidade e ostentação,em fila se dirigiam ao salão das apresentações.

Chegadas dos mais famosos fornecedores, magníficas flores. Um espanto para aqueles olhares deslumbrados com tanta beleza.

Somente encantavam os olhos.

Nos seus belíssimos vestidos de noite,o novos ricos exibiam a sua classe, cheiravam,comentavam, a beleza, a magnificência das flores.

Era tudo falsidade, egoísmo puro, falsa sabedoria..

As flores, embora toda a sua beleza,estavam mortas.Não tinham perfume. Também não eram culpadas da ignorância escondida.

Criadas com o mais elevado carinho,tratadas pelos melhores jardineiros,não tinham o perfume das flores nascidas livres por esses jardins dos bairros de porta aberta.

Era falsa a ostentação daquela gente, era falso o seu conhecimento do mundo, era falso o seu riso.Não eram falsas as flores,só que crescidas na abundância e no trato,não tinham perfume.Não tinham vida! Foram escravas do próprio destino.

A grande diferença.

Não muito longe,naquele bairro frio e escuro,sem guardas sem luz,gente humilde.Sem luxos, sem ostentação vivendo o dia a dia, regressando do trabalho com passos lentos, pisando com pés doridos as desigualdades do caminho,(as desigualdades do próprio caminho da vida), sentia como balsamo para a alma o perfume das flores, nesses humildes jardins nascidas. Naquele fim de tarde a correria das crianças,em risos,não se notava a diferença, entre a beleza das flores e a felicidade daquela gente

. Não muito longe! No charco imundo,de dia apenas o calor do sol.

. Á noite ,o brilho das estrelas pela manhã ,as gotas de orvalho saciavam a sede de belíssimas flores de lótus, que, com a sua branquíssima e deslumbrante alvura, cresciam nesse charco imundo.

O seu perfume sentia-se ao longe. Cresceram livres, belas e livres. Sós, Mas não abandonadas

Cresceram tão livres e puras, como as crianças que brincavam nas ruas escuras, ali bem perto.

Cresceram livres, eram de todos, não eram de ninguém.

Quo Vadis
Enviado por Quo Vadis em 27/04/2020
Reeditado em 27/04/2020
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