CAMINHO E DESCAMINHO.

Não há como desmoralizar o que desmoralizado está, só o visionário não enxerga a força da chave do cofre e da caneta que nomeia.

É difícil reverter a desmoralização da escola do poder pelo poder, do benefício de parte contra o todo, da indiferença de alguns que representariam muitos, e não o fazem.

A fonte que jorra água matando a sede e a ganância de poucos que só se satisfazem com muito nos conhecidos desvios, sequenciais, cíclicos e intermináveis, na sanha do obter tudo em detrimento de todos, será sempre salgada para muitos.

Para os que precisam dela para recuperar a boca seca da espera, vazia de formas e meios para sobreviver e sem forças para gritar por falta de esperança, é como a falta de proteína, chegará sempre servida de todos os vícios e não saciará calorias.

Não será a insistência de alguns que trará educação, pois a deseducação forma os exércitos comprados por misérias e migalhas que muito são para quem nada tem.

Para os diplomados pelo tempo na escola do proveito próprio, profissionalizados na sucessão familial que arregimenta consciências para que perdurem nas benesses delegadas, ensinados somente para obtenção das vantagens pessoais, canonizados para a indiferença, seremos sempre alunos reprovados pela vida na ato da escolha.

Quem prega no deserto não ouve eco de retorno sadio, nem volta alguma do pleito do dever com resposta generosa.

O apelo não se faz ouvir para quem está surdo às necessidades de uma nação politicamente organizada como querem os doutrinadores publicistas.

Essa organicidade que não se vê, não se mostra e pouco se importam com essa condição seus tutores, ao revés, faz dela apoteose e prosélitos na saga de criar notórios feudos, é elástica e torna o tempo perpetuado na vontade do monopólio somado.

As amplidões vazias, sem fertilidade, não têm o dom de darem nascimento a algo que valha alguma coisa, nunca delas nada vingou que prestasse. São úteros onde o valor sofre aborto permanente.

Moralizar em nossos dias é pregar para o deserto, e bom de dizer, sempre a sujeição ao que é limpo, liso, correto e linear no encontro da legitimidade e da justiça, esteve mais no descaminho do que no caminho...É como caminha a humanidade.... infelizmente.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/04/2020
Código do texto: T6929773
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