Dieta de Retiro

Nada, nada de política neste domingo, estou de saco cheio com esse jogo de cartas marcadas. Prefiro tratar de assunto mais amenos, mesmo que sejam ignorados pelos leitores. Tem nada não,vida que segue.

Aqui no meu retiro (nome mais leve que prisão domiciliar e menos chato e deprimente que quarentena e isolamento) o que não me falta é tempo para divagar. Passo a maior parte do dia assuntando a maçaranduba do tempo. Tudo bem, ouço música, leio, faço palavras cruzadas, escrevo..., mas a maior parte do dia pensando, relembrando, matutando... Não raras vezes me pego rindo de mim mesmo, mas às vezes também derramo uma lágrima, e falo sozinho. Juro.

Ontem enquanto a família assistia à tevê, eu pensava no que estou proibido de comer (degustar): carne de porco (costeletas), feijoada, dobradinha, cozido (chambaril), buchada, sarapatel, galinha à cabidela, carnes vermelhas, enfim, oque de fato gosto.Agora é só carne magra grelhada, filé de franco grelhado, sopinha,canjinha e folhas, folhas, folhas... Arroz tem que ser integral, não consigo comer, então fazem um pouquinho de xerém. Doces? Never more.

Mas sou um otimista, sei que é preciso seguir à ria a tal dieta. Não nego, antes da pandemia, dava minhas escapulidas e subvertia adieta, mas agora estou preso, aliás, no retiro,nada de escapadas. Fico só sentindo o cheiro das iguarias que adoro porque a família, meu entorno não abriram mão das ditas iguaria. O cheiro funciona como uma ilusão. E a ilusão às vezes funciona.

Hoje,domingo, vou almoçar peito de frango, xerém e folhas, mas vão me presentear com duas batatas.Aleluia. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 26/04/2020
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