A POESIA DE NESTOR TANGERINI

SOBRE DONA FELICIDADE

Nelson Marzullo Tangerini

Após o lançamento da segunda edição de Dona Felicidade, sonetos e letras de músicas de Nestor Tangerini, pela Editora Autografia, Rio de Janeiro, RJ, 2018, dois significantes comentários me foram enviados, por quem leu o referido livro do autor: um de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, outro, de Bom Jesus dos Perdões, São Paulo, contrariando os detratores, entre amigos e familiares, que me disseram que eu devia deixar em paz a alma do meu pai ou (mais) que eu devia esquecê-lo e cuidar da minha vida, como se eu não fosse também professor e escritor e tivesse o meu próprio trabalho.

De Paulo Monteiro, Membro da Academia Passofundense de Letras, veio este breve mas importante comentário:

“Recebi hoje e já li Dona Felicidade, livro de Nestor Tangerini [1895-1966], um neo-parnasiano que viveu parte de sua vida em Niterói, onde fez carreira como poeta, cronista e ilustrador.

Esquecido pelos formadores do cânone literário fluminense, Nestor Tangerini é uma leitura que se recomenda pela fluidez de seus versos.

Tenho uma grande admiração pelo trabalho de Nelson Marzullo Tangerini, poet e cronista por divulgar a obra de seu pai.

A primeira edição de Dona Felicidade ocorreu em 1997, pela Editora Achiamé, do Rio de Janeiro, RJ. Agora sai a segunda edição, pela Editora Autografia, da msma cidade”.

De Fábio Siqueira do Amaral, da Academia Atibaiense de Letras, este outro:

“Hoje, para mim, é um dia feliz. Acabei de receber o livro Dona Felicidade, do extraordinário poeta e homem de mil talentos Nestor Tangerini.

Foi publicado graças aos esforços de seu filho, Nelson Marzullo Tangerini meu amigo-irmão.

A todos os poetas, escritores, artistas, em geral, professores, fica aqui a minha recomendação: procurem entrar em contato com NMT e adquiram essa obra de pura poesia. Vale a pena! Estou muito feliz. Sinto estar lado a lado com o grande Nestor Tangerini, que, infelizmente, não conheci pessoalmente”.

O livro foi amplamente divulgado na imprensa do Rio e de São Paulo, mas nenhuma resenha foi escrita. A grande imprensa, como se sabe, dá prioridade a grandes editoras e a pessoas selecionadas ou escolhidas para figurarem como a literatura oficial.

Uma parte deste trabalho foi publicada em jornais de Niterói, RJ, nos anos 1920, quando o poeta, ao lado de Luiz Leitão, Renê Descartes de Medeiros, Mayrink, Olavo Bastos, Apollo Martins, Mazzini Rubano, Gomes Filho, entre outros, formavam a famosa Roda do Café Paris, o maior movimento literário do antigo Estado do Rio de Janeiro, firmemente registrada na antiga capital, Niterói, a Cidade Sorriso, fundada pelo Cacique Arariboia.

Em Sobre o beijo, livro de crônicas do autor, figuram os textos publicados na antiga imprensa niteroiense, bem como em publicações cariocas, como a revista Vida Nova ou O Espeto, criada em conjunto com Lourival Reis [o Prof. Bacurau] e Maurício Marzullo, cunhado de Nestor Tangerini.

Uma edição especial, com textos niteroienses, que também estão em Dona Felicidade, Humoradas e Sobre o beijo, foi publicada separadamente, em 2011, pela Editora Nitpress, de Niterói, e recebeu o nome de Na taba de Arariboia, como era desejo de Nestor Tangerini.

Há que se respeitar, portanto, o trabalho minucioso e criterioso de historiadores ou memorialistas, que se debruçam em obras antigas e talentosos de autores que brilharam ou foram impedidos de brilhar e que foram esquecidos pela imprensa oficial, pelos professores, pelas escolas e universidades.

Lembro-me que, certa vez, na Primavera dos Livros, uma feira literária, que acontece anualmente no Palácio do Catete, na atual capital fluminense, quando fui autografar os livros Nestor Tangerini e o Café Paris e Na Taba de Arariboia, após minha palestra sobre “os parisienses”, ouvi uma professora universitária, de literatura, que me combateu, alegando que os cânones literários não podiam mais ser alterados. Em outras palavras [e espero que me entendam bem] respondi-lhe: “- Danem-se os cânones literários, que foram criados pela elite brasileira!”

Enfim, há que se respeitar, também, o memorialista que ora escreve esta crônica.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 26/04/2020
Reeditado em 26/04/2020
Código do texto: T6929010
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