Velório Municipal

Hoje estive numa agência de Plano Fúnebre Familiar. Fiquei contente com o preço e os benefícios. Mas como só atendem a região onde moro (e certos municípios vizinhos), pedi desculpa por um desabafo que eu ia fazer. A atendente permitiu. Ao que eu disse a ela que tenho 43 anos e resido em Poá, SP, desde que nasci. Mas a Verdadeira Poá tinha acabado em mil novecentos e oitenta e pouco. Esse município em que vivo é o que sobrou de uma Poá saudosa, bem menos populosa e sem essa enorme quantidade de restos humanos que desrespeitam o espaço alheio. Eu invariavelmente tenho sentido muito desgosto por isso ultimamente e inclusive falei sobre esse tipo de praga em meu "No. 1643". Isso conferiu certo dissabor, certa dose de desgosto, ao meu livro. Fê-lo perder uma parte de sua graça. Por isso eu preciso reescrevê-lo.

Poá dos anos 1970, 1980, fica na saudade. Dos bons cidadãos, dos que são vizinhos que todo mundo de bem queria ter. Raridade.

A atendente -- voltando ao assunto da crônica -- dissera-me que caso eu deseje enterrar minha família em SP, o ideal é procurar um Plano Funerário por lá. Mesmo assim é preciso cuidado. Pois a Morte Viva ronda por aí. Nenhum lugar na Terra -- eu suspeito disso --, está livre de lixo humano. Essas coisas feitas em buraco de parede são como câncer: procriam e se espalham com enorme facilidade/rapidez. Porque a sociedade andou relaxando.

Um sério problema esse...