PÁSSAROS DE METAL. LIBERDADE.
Em uma prisão relativa, ameaçadora as nuvens fora de minhas fronteiras, como dizem histéricos ou não, paranoicos ou sadios, politizadoras posições ou não; mas temos cérebro para funcionar. E usamos suas convicções, pesadas, analisadas, amontoado de informações ainda incertas, mas que colhemos e arbitramos após filtrar o que fazer, podendo.
Podemos arbitrar o melhor, salvo as surpresas.
Nessa prisão que não me é pesada, felizmente, de noite, inicio da madrugada, ouço os pássaros de metal voando, meus amados por toda a vida pássaros de metal, cortando esse silêncio tão aumentado no momento, os céus estão livres, sim, o ar é mais puro, as avenidas também, as motos de alta cilindrada nos levam aos céus, tão íntimos seus ruídos de meu gosto, mente e memorização.
É como a figura de gramática, a onomatopeia dos sentidos. O som alto e alongado da fina sintonia fazendo eco na madrugada. Que vontade de estar voando nessas asas.
Uma liberdade inigualável, agora que perdemos até mesmo o abraço que liberta emoções.
Faz quatro anos se foi minha última e poderosa moto, a famosa “setegalo” para quem conhece por dentro esse “habitat”, a famosa e lendária modelo da Honda. O trânsito e a falta de espaço urbano não mais permitem. Trafegam as “pererecas” 125, que por sinal hoje, na situação vivida, nos prestam inestimável serviço. Heróis do “delivery”. Mas também flanam livres, perigosas, sem peso, saem debaixo do piloto sutilmente.
A memória tem várias facetas, visual, olfativa, sonora. Realizo materialmente essa memorização em breves fugas em uma Tiger 800 Triunph, de meu genro. Trail, mas excelente. É um encontro com a maior das liberdades, só quem conhece pode avaliar.