Oscilo entre a esperança e o medo.

Eu gosto das conclusões. Tenho a mania de espiar a última frase do livro antes de começar a ler. Isso não implica dizer que gosto dos fins, claro, sempre há coisas, pessoas e sensações que adoraríamos que durassem para sempre, e nem preciso falar que sempre tem um fim que nos mata um pouco. Mas conclusões – aquela coisa fechadinha sabe? Terminada. Me dá um pequeno alívio que não sei explicar.

Talvez seja por isso, uma tentativa inconsciente de me prevenir e uma falsa ilusão de que funcione. Talvez também eu me aproveite do momento em que prevenção tem sido tudo que está totalmente ao nosso alcance, para aliviar minha sentença. De qualquer forma, a última frase dos livros sempre me tira um risinho do canto da boca.

Uma pena que essa pequena dose de ilusão não caiba para o cenário do mundo hoje. Nos dias de mais angústia, eu me pergunto qual seria a última frase da nossa história. Oscilo entre a esperança e o medo. E me apego à ideia reconfortante de que não estou sozinha nessa confusão, em um momento em que o abraço é tão necessário, ele também é proibido.

E, buscando outras formas de abraçar, deixo aqui um pedido: hoje é dia do livro ... alcance o que estiver mais próximo de ti nesse momento, e divide comigo a ultima frase. Retribuo:

“os seres humanos me assombram”

#TextoDeQuinta

*Frase do Livro A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS de Markus Zusak

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 23/04/2020
Reeditado em 23/04/2020
Código do texto: T6926331
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