Edicarlos em caminhos sertanejos
Damião Ramos Cavalcanti *
Veio do Sertão, mas ele nunca saiu de lá. Porque aonde Edicarlos viajou ou onde esteve, ele carregou consigo, no seu desarrumado alforje, suas coisas e seus sentimentos, como ele próprio diz que não se liberta do seu recorrível “imaginário infantil”. Seus caminhos são sertanejos, mesmo considerando que chegou ao mar; mas, é um vir e um regressar constante, que fragmentam essas estradas e suas pinturas.
Em virtude disso, Edicarlos batizou sua primeira exposição com nome de “Fragmentos de um sertanejo”, quando, de fato, acontecem fragmentos, como os pensamentos soltos do filósofo Heráclito, o que somado, pelo correr da tinta no pincel, confessa bem o seu íntimo. Tudo isso em fantasia, sonho, mágica, mística, discurso metafórico e, sobretudo, na sua subconsciência.
Meio sisudo, enquanto dialético, gosta de fazer os outros rirem, daí , tendo iniciado suas atividades artísticas, no mundo cultural, pela arte circense. Quando parecia meditativo, suas mãos se tornavam indomáveis, especialmente quando se achava sozinho, isto é, ele e seus sentimentos. Então extravasava-se em qualquer papel com alguma coisa que riscasse; ora na sala de aula do seu Curso de Direito, ora na hora do trabalho, como pausa para o descanso. Assim Edicarlos já riscou muitas linhas e poucos pontos.
Linhas que não se estendem ao infinito porque dão curvas; curvas naturais, místicas, sobrenaturais, e prazerosamente também sensuais, que agradavelmente enchem o fieri das nossas imaginações e, aqui e acolá, tornam-se caras, úteros, aves ou bichos em expressões vivas e coloridas. Nada fora da sua região, promete ele, sempre repetindo: o Nordeste. Contudo, para se vivenciarem tais visões, é preciso conversar com a sua arte, mesmo calados diante das suas telas ou admirando alguma fantasiosa flor, fora do jarro tão bem pintado por Edicarlos. Converse, fale baixo, mas se sua arte não lhe responder, tente conversar com o pintor ou com “seu Silva”. Pois foi ele quem obrou tais belezas. Ou fique sem resposta, afinal de contas, as pinturas de Edicarlos Silva, paraibano, de Catolé do Rocha, são mais enigmáticas do que as do russo, Sergei Aparin, de Voronezh.
*Damião Ramos Cavalcanti
Secretário de Estado da Cultura
Presidente da Academia Paraibana de Letras
Damião Ramos Cavalcanti *
Veio do Sertão, mas ele nunca saiu de lá. Porque aonde Edicarlos viajou ou onde esteve, ele carregou consigo, no seu desarrumado alforje, suas coisas e seus sentimentos, como ele próprio diz que não se liberta do seu recorrível “imaginário infantil”. Seus caminhos são sertanejos, mesmo considerando que chegou ao mar; mas, é um vir e um regressar constante, que fragmentam essas estradas e suas pinturas.
Em virtude disso, Edicarlos batizou sua primeira exposição com nome de “Fragmentos de um sertanejo”, quando, de fato, acontecem fragmentos, como os pensamentos soltos do filósofo Heráclito, o que somado, pelo correr da tinta no pincel, confessa bem o seu íntimo. Tudo isso em fantasia, sonho, mágica, mística, discurso metafórico e, sobretudo, na sua subconsciência.
Meio sisudo, enquanto dialético, gosta de fazer os outros rirem, daí , tendo iniciado suas atividades artísticas, no mundo cultural, pela arte circense. Quando parecia meditativo, suas mãos se tornavam indomáveis, especialmente quando se achava sozinho, isto é, ele e seus sentimentos. Então extravasava-se em qualquer papel com alguma coisa que riscasse; ora na sala de aula do seu Curso de Direito, ora na hora do trabalho, como pausa para o descanso. Assim Edicarlos já riscou muitas linhas e poucos pontos.
Linhas que não se estendem ao infinito porque dão curvas; curvas naturais, místicas, sobrenaturais, e prazerosamente também sensuais, que agradavelmente enchem o fieri das nossas imaginações e, aqui e acolá, tornam-se caras, úteros, aves ou bichos em expressões vivas e coloridas. Nada fora da sua região, promete ele, sempre repetindo: o Nordeste. Contudo, para se vivenciarem tais visões, é preciso conversar com a sua arte, mesmo calados diante das suas telas ou admirando alguma fantasiosa flor, fora do jarro tão bem pintado por Edicarlos. Converse, fale baixo, mas se sua arte não lhe responder, tente conversar com o pintor ou com “seu Silva”. Pois foi ele quem obrou tais belezas. Ou fique sem resposta, afinal de contas, as pinturas de Edicarlos Silva, paraibano, de Catolé do Rocha, são mais enigmáticas do que as do russo, Sergei Aparin, de Voronezh.
*Damião Ramos Cavalcanti
Secretário de Estado da Cultura
Presidente da Academia Paraibana de Letras