MEU ENCONTRO COM A BORBOLETA AMARELA
Todas as manhãs chego à varanda de minha casa e espero o sol clarear para sentir que mais um dia chegou para mim e para tantos outros que anseiam por liberdade.
Presa no lar estou. Triste e receosa, cumprindo missão que me foi delegada pelos que comandam o destino desta terra onde vivemos, segundo eles por extrema necessidade. Só você, borboleta amarela faz-me companhia, sobrevoando o arvoredo com seu bater de asas, parecendo dançar uma grande valsa. Aprecio cada batida de asa que você compassadamente faz, embelezando as folhagens ao meu redor. Sinto inveja. Você tão minúscula e alcançando os ares tranquilamente. Minha vida é frágil como a sua. Não sei se para você existe a noite e o dia. Conhecerá os contrastes da vida?
Eu, desde menina, aprendi a conviver com contrastes, principalmente com os da riqueza e os da pobreza.
O mundo de hoje vive de medo, medo que se estampa na figura do rico e do pobre, porque poda nosso raciocínio. Não há contrastes agora. Para vencer a guerra, a prisão nos foi imposta sem que cometêssemos crime algum.
Borboleta amarela, permita-me, venha sempre ao meu encontro na varanda. Tão linda, dançando a valsa da vida, sem preocupar-se com o início e o fim dos tempos e com a destruição dos homens que se matam a si mesmos por pura ganância.
Os "soldadinhos" do meu corpo, caro leitor, sabem que vão ter de lutar e muito para que saiamos vencedores e derrotemos essa invisível partícula que caminha apressadamente ao meu, ao seu encontro. E de onde ela terá vindo? Quem sabe, de um lugar tão distante de nós, que, talvez, sonhe, desde há muito, com poder e riqueza só alcançáveis àquele que detenha a primazia de ser a primeira potência mundial. Não desanimemos. Deus está em nosso caminho e quer que passeemos livremente pelos jardins apreciando o balé da borboleta amarela.
"Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?"
(Mateus, 16:26)