Viver Apesar da Dor
Dia desses, em meados de abril, após três benditos anos, finalmente consegui pagar e adquirir um dos álbuns de formatura do ensino médio e técnico em nutrição de 2017 que estava faltando. Folheando aquelas grandes páginas plastificadas, me lembrei que eu estava devendo uma conversa com uma amiga para , quem sabe, reconfortá-la com minhas experiências diferentes das dela, mas igualmente nada agradáveis com hospitais, tratamentos, clínica, exames... Numa longa conversa via direct do Instagram, trocamos figurinhas, trocamos dores, trocamos cruzes, trocamos fardos, também trocamos alegrias e conquistas. Ela, com fibrose cística, eu, sobrevivente de câncer.
Bem antes deste reencontro virtual acontecer, eu tinha assistido ao filme "A Cinco Passos de Você" estrelando ninguém menos que um crush meu da infância, Cole Sprouse (das séries da Disney dos gêmeos no hotel e num navio, quem foi criança nos anos 2000 vai reconhecer de cara). Lembro também de ter assistido pelo YouTube palestras comoventes da incrível Claire Wineland (Deus a tenha). É triste como uma simples intercorrência acaba se tornando um caso de vida ou morte, haja farmácia pra permanecer vivo e mesmo assim se tem uma sede de curiosidade.sobre o que há na vida além do sofrimento, desafios e suprir as necessidades fisiológicas.
A dor geralmente é um alerta de que alguma coisa não vai bem nos nossos hábitos, desde alimentares até àqueles relacionados com a saúde mental, exceto quando, devido à irá do destino, karma, sei lá, a doença é herdada. Ela nos impulsiona também a fazer o que está mais de acordo com nossa verdadeira essência, a valorizar o que realmente importa, ou seja, viver pra valer agradecendo pelo oxigênio que respira e pela comida que consegue comer normalmente; estar com a mente sintonizada para plantar no presente o que se quer colher no futuro e, por que não viver um grande amor? Não precisa ser romântico como nos filmes e livros de romance, um amigo fiel ou algum parente muito querido também serve.
Um exemplo famoso de alguém que soube muito bem viver intensamente, mesmo sabendo da efemeridade da vida, foi Freddie Mercury. Ser soropositivo não o impediu de querer gravar o máximo de canções possível pro Queen em seus últimos instantes. Assim, sua alma parecia estar viva como nunca, apesar da fragilidade do corpo físico. A propósito, “o tempo não espera por ninguém", diz uma de suas últimas músicas.
Como não esquecer também do exemplo do cientista Stephen Hawking? Suas contribuições na astrofísica transcenderam os limites impostos pela ELA. A medicina de sua época estimou pouco tempo de vida, mas ele provou o contrário divulgando intensamente suas descobertas, dando discursos e até formando uma família. Provou que "enquanto há vida, há esperança", como ele mesmo disse.