MESMO COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA!
Depois que fui à reserva da Brigada Militar, não guardei nenhuma peça de fardamento.
Como hoje comemora-se o dia das polícias civis e militares, do Brasil, enquanto mateava relembrava dos tempos de caserna.
Do primeiro ano, logo de cara veio-me a tal de falta de coordenação para marchar. Resolvida com a sentença:
- "Vais apanhar se não acertares o passo"!
Sentença vinda de um colega. Na marcha alternava-se os braços com as pernas, perna esquerda à frente, acompanhada do braço direito e assim por diante!
Como eu não acertava, um veterano pegou dois pedaços de taquara, na frente e atrás, dois colegas seguravam as taquaras e eu no meio, com as mãos amarradas, assim deveria observar somente as passadas e acompanhá-las. Passados 5 minutos e nada de eu acertar, foi então que o colega sentenciou-me. Não precisei apanhar, bastou a sentença!
Logo em seguida veio o fuzil e a contradição, ainda quando criança mamãe pedira-me para nunca empunhar uma arma. contradição desfeita em seguida, pois só usaríamos o fuzil para instrução e em legitima defesa e de terceiros.
Então, no dia 21 de abril de 1973, o juramento:
- ...
Mesmo com o sacrifício da própria vida!
Os anos foram passando e troquei o fuzil com baioneta, por uma espada. Algumas vezes a Bandeira Nacional.
Hoje dentro do isolamento social, na volta da mesa da cozinha, com o cabo de vassoura, revivi os quatro momentos, o das taquaras, do fuzil, da espada e da bandeira. Pus de fundo um vídeo da incorporação da bandeira,então correu-me pelas veias a seiva da jovialidade, para espanto dos dois cães que nos protegem. Bati firme e rompi marcha. Fiz estremecer o piso, como fazíamos outrora.
Corri pelos 35 anos de caserna e depois mais seis na justiça, em ambos sobrevivi, sob a proteção divina, igual sorte que alguns colegas não tiveram, por isto, hoje não peço por mim, mas pelos que ainda estão lá, na luta diária e honrando nosso juramento!
Salve as polícias, civis e militares!