Voando com Descontrole
VOANDO COM DESCONTROLE
(Hélio da Rosa Machado)
Lá vai um avião cortando os céus e dentro dele centenas de pessoas que confiam em toda a tecnologia criada nos últimos tempos com o objetivo de aproximar o mundo e torná-lo mais breve nas suas diversas relações.
Embora neste momento o problema da aviação brasileira não seja mais a “bola da vez”, quem voa e depende de um avião para chegar no seu destino sabe que as coisas ainda não foram resolvidas da forma mais adequada.
O contraste é que lá em cima a segurança é inquestionável, aqui embaixo é que as coisas são confusas e dão ensejo à desproporção quanto às duas óticas de uma viagem, sob o ponto de vista aéreo e sob o ponto de vista terrestre. A reflexão nos leva a verificar que Santos Dumont ao ultrapassar a barreira terrestre na área do transporte, permitindo ao homem que voasse e diante da imensidão do espaço aéreo, jamais imaginou que um dia aviões poderiam se chocar no ar.
É evidente que tudo poderia ser diferente, caso não houvesse descontrole no controle aéreo. Esse é o Brasil que estamos acostumados a descobrir a cada dia que passa, onde os diversos setores de evolução e progresso muitos vezes ficam estacionados em face dos desmandos e das más administrações públicas, sempre que esse setor é movido por decisões Estatais que sempre visam o bem comum, mas que nem sempre são visualizados com essa dimensão.
Neste momento, quando a maioria do povo que não têm condições econômicas de viajar num avião é capaz até de ironizar quanto ao problema, pois nem sempre é a classe mais avantajada economicamente que sofre as conseqüências de uma má administração pública. Assim, esse problema que não é da maioria, passa a tomar rumos que podem atingir outras classes sociais menos favorecidas, considerando que o transporte terrestre não está preparado para ter mais demandas de passageiros, podendo gerar aumentos de tarifas, etc.
O fato é que o problema existe e não é de hoje. Precisou que caíssem dois aviões e que morressem centenas e centenas de pessoas para que os administradores da aviação Nacional começassem a entender que nosso espaço aéreo estava sendo mal administrado no que diz respeito ao tráfico aéreo, em razão da má estruturação das condições humanas e também das condições técnicas de operacionalização do sistema relativo ao controle dos vôos nacionais e internacionais, além das pistas de aterrissagem que estão à beira do caos, conforme amplamente demonstrado recentemente na mídia Nacional.
O fato é que escancarou-se a crise na aviação Nacional, onde controladores de vôos não se entendem, uns ligados às forças armadas e outros vinculados à área civil, denotando problemas de perplexa grandeza, posto que uns percebem salários mais expressivos enquanto outros que operam com o mesmo sistema devem se contentar com salários mais baixos. Esse disparate faz de vítima os militares que estão no controle de vôos, pois seus salários devem obedecer às regras da carreira militar; daí a razão de receberem remunerações bem aquém do que os operadores civis. Aliás, são esses mesmos militares que correm o risco de serem presos caso tenham o desejo de lutar pelos seus salários de uma forma mais radical, posto que o motim na caserna pode gerar essa conseqüência.
Quando a crise é vista como fonte de conseqüência de uma má administração pública ela deve ser vista pela sociedade como uma forma de melhorar o contingente das pessoas que são eleitas para esse fim. No entanto, quando ela é vista como uma evidência e um problema grave, deve haver bom senso tanto por parte de quem está vivendo o problema, como também por quem vai solucioná-lo, porque o que se deve ter em mente é a segurança de quem entra num avião e quer chegar no seu destino.
E a história se repete...Tudo aqui no Brasil se resolve na pressão e na evidência de uma conseqüência grave, que poderia ser evitada, caso houvesse mais planejamento e mais interesse político naquilo que diz respeito à estrutura do nosso País. Os cargos públicos não são criados com o fim de empreguismo e, portanto, devem ser exercitados como meios de prevenir danos à própria administração pública. Quando este caminho natural for palavra de ordem na administração pública, certamente, estaremos caminhando através de meios capazes de produzir um fim menos desastroso.