O sentido da vida
"Quem tem um porquê, enfrenta qualquer como" (Viktor Frankl)
É ainda de Frankl a citação de que uma pessoa pode ser despojada de tudo, menos de sua "liberdade de decidir que atitude tomar diante das circunstâncias extremas e dizer sim a vida independente de tudo".
Todos nós, em algum momento, já nos perguntamos sobre o sentido de nossas vidas. Para alguns afortunados, a vida é um conjunto de experiências tão intensas e diversificadas que pode ofuscar o verdadeiro sentido da mesma. Para outros, como a mãe que vive na miséria, ter o que dar de comer a um filho pode ser o sentido primordial de sua existência...cada um de nós é único e as experiências e vivências que nos trazem ao momento presente fazem com que nossas percepções sejam distintas diante de um mesmo cenário.
Assim, diante da Pandemia atual, há quem esteja vendo uma oportunidade de mudança, de re-significar sua existência...outros, se encontram na revolta, incapazes de olhar qualquer beleza no momento atual. Há os que se preocupam com as questões do hoje, não menos importantes e, como sobreviver diante da crise econômica que certamente há de chegar.
Talvez uma das grandes lições que recebi esse ano veio de meu primo de 10 anos. Conversando sobre várias coisas ele me perguntou: "- Tia, qual o sentido da vida?" (pela nossa diferença de idade ele me chama de tia)...e, diante daquela pergunta tentei responder algo que chegasse ao seu entendimento infantil, mas fui surpreendida pela verdade de um coração, que em um momento de extrema sinceridade disse: "-Pois para mim tia, o sentido da vida é VIVER!".
Sim, ele tem toda razão, o sentido da vida é viver, mas há pessoas tão essencialmente frustradas que, para estas, "no máximo, devemos compreendê-las". E o que nos chama mais atenção é que encontramos pessoas frustradas nos diferentes meios sociais. Seria de se imaginar que no Japão, em função de seu desenvolvimento econômico, houvesse menos "frustração" do que em países pobres, no entanto, se compararmos os índices de suicídio em países como Japão e Suécia, estes são maiores do que os apresentados por pessoas que vivem em situação de extrema pobreza, como em alguns países africanos por exemplo. O que isso quer dizer?
Ao meu ver, tudo tem vários lados, mas sociedades que evoluem a custa de produção e competitividade, podem crescer economicamente, mas produzem indivíduos extremamente vulneráveis, solitários e desconfiados uns dos outros. Nesses meus anos de vida, cada vez mais percebo que a verdadeira religião é aquela que nos liga uns aos outros. Assim, o que se vê, é que mesmo entre os menos "favorecidos economicamente" encontramos grandes fortalezas morais, seres humanos capazes de dividir o pouco que têm porque já entenderam o seu papel nesse mundo...o real sentido da vida.
Só encontramos sentido em nossas vidas quando deixamos de olhar para nós e enxergamos o mundo ao nosso redor.
De nada adianta cuidarmos de nossas vidas de "condomínio", se ninguém vive uma vida inteira no "condomínio" e o mundo lá fora é feito por todo tipo de gente. Eu costumo dizer que, até por egoísmo, temos que ajudar a quem precisa para oferecer um mundo melhor aos nossos filhos. A desigualdade pode ser destruidora e se eu posso contribuir para melhorar a vida de alguém, indiretamente contribuo para a melhoria da vida dos meus, porque somos todos parte do todo. Entenderam?!
O egoísmo é a maior chaga da humanidade e a verdade é que "o amor é a meta última e mais alta a que pode aspirar o homem". Que não nos preocupemos muito com o que nos incomoda. Mudemos o foco do nosso olhar. Veja que ao seu lado há sempre alguém a precisar de algo que você tem a oferecer. Quem se doa verdadeiramente ao próximo, não tem tempo de sofrer, percebe que a vida é o sentido... e, que o verdadeiro sentido é amar.