Quer ver Jesus? Pague o pedágio!
      Caminhando meus últimos passos, um burburinho entrou-me pelos ouvidos, levantei os olhos, que já só olhavam para baixo, e avistei uma multidão. Como se fosse um último presente, dei-me o privilégio de ir até lá para ver o acontecia.
      Alguém discursava sobre algo que conseguia prender a atenção de todos. Fiquei entre os que ali estavam, não consegui ver o que falava, mas podia ouvi-lo. Foram muitas palavras. Caíram em meu coração: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos darei descanso”. Como um remédio eficaz sobre uma ferida, assim foram aquelas palavras sobre mim.
       Tudo mudou. Foi tudo muito simples. Pura graça. A vontade de viver tomou conta de mim. E me assombrava o modo como tudo acontecera. Nunca imaginava que pudesse andar tão leve. Os meus olhos nunca viram quem pronunciou aquelas palavras, e nem precisava, as palavras fizeram uma mudança tão radical em meu ser, que era como se aquele que as dissera tivesse vindo habitar comigo.
        Todos os dias eu o sentia, o ouvia, vivia livremente com ele, podia sentir que a vida brotava de todos os meus poros. Era tudo real, verdadeiro. Não havia nada mais significativo, nada mais desejável. Estava experimentando algo indizível. Ele me chamava e me orientava como prosseguir e eu caminhava com passos seguros.
       Um dia, revelei aos homens todas as delícias que eu vivia no meu relacionamento com Jesus Cristo. Naquele momento, um, tendo a aparência de alguma autoridade, falou-me, na presença de todos, com uma voz grave e segura: “Traga os seus dízimos e algo mais que tiver, entregue-os aqui. Do contrário, virá o gafanhoto, comerá todos os seus bens e você nunca estará com Jesus algum dia.”
       Olhei em volta, na esperança de que Jesus aparecesse e fizesse aquele senhor explicar o porquê da cobrança daquele pedágio. Jesus não apareceu, mas a sua voz invadiu-me, como de costume, e disse-me: “Vamos continuar nosso caminho. Ele se acostumou nessa arte desde criança e não está disposto a mudar de ideia jamais.”