BONS TEMPOS DE MENINO
Era tão bom quando aquele menino pobre brincava no terreiro de casa, não tinha sonhos, não tinha nada, apenas um lugar para dormir e alguma coisa para comer. Se alegrava com os coleguinhas de peripécias, de folguedos infantis intermináveis num beco onde existiam várias casinhas simples de madeira onde bem próximo a maré passava. Como eu sinto saudades desse tempo que não volta mais!
Eram os anos cinqüenta, da escola que ensinava bem, dos livros que serviam para o irmão mais novo no ano seguinte, o lanche era pão francês com doce, queijo ou ovo frito, uma delícia, acompanhado de guaraná em garrafa de vidro. Da professora tinha medo, respeitava, era como uma segunda mãe, isso em escolinha particular que meu pai pagava com um precinhp lá em baixo.
Dia de domingo ia à praia com meus irmãos, meu pai levava, numa bolsinha algumas laranjas ou bananas, era divertido, íamos a pé mesmo, era pertinho. A tarde tinha a matinê no cinema do bairro, adorava os filmes de faroeste (bang bang) em preto e branco e várias vezes assistia a películas de produção nacional de Herbert Richers. Meu Deus, como eu era feliz e não sabia!
O tempo foi passando, me tornei um rapazinho, mudei de bairro, novos amigos de brincadeiras sadias como pega pega, bola de gude, papagaio, carrinho com lata de leite, entre outras diversões. Só lembranças agora que povoam a minha mente ainda hoje e que me levaram a escrever esta crônica. Os tempos atuais estão tão difíceis, as crianças não têm ideia do que estão perdendo mesmo com essa tecnologia avançada, tablet, celular, Netflix, shopping. Nem quero falar em drogas (e estou falando), existia a maconha, é verdade, mas era coisa rara e só adultos (ladrões) usavam. Os poucos assaltos em locais ermos eram na base da peixeira (arma de fogo que eu saiba só a Polícia tinha).
Não quero dizer que hoje eu seja uma pessoa infeliz, mas se for levado em consideração esses fatos até que talvez eu seja. Se pudesse trocar de tempo eu queria voltar ao passado.