ÚLTIMO TEXTO DE CLÁUDIO POETA


     Sabe aquelas coincidências que acontecem sempre inesperadamente, e é exatamente por isso que se chamam assim! Pois sim, foi o que me aconteceu agora à pouco. Estava eu revendo alguns textos antigos meus, de vez em quando eu gosto de me ler, e um dos poetas comentaristas me chamou a atenção. Era meu amigo Cláudio Poeta, que nos deixou o convívio no ano de 2015, para  habitar a casa do Pai Celestial. Revisitei sua escrivaninha, e estava tal qual estava pela última vez em que estive lá, com algumas novas visitas de outros amigos, como sempre o fazemos em dias de saudades. Não tem mais nenhum novo texto postado às 06:00 horas da manhã, como era de seu costume, e isso me fez chamá-lo carinhosamente de poeta das seis horas. Poesias profundas, espiritualistas, com conteúdos que iam do sonho ao real, com mensagens positivas, dando-lhe uma marca registrada, a de homenagear poetas, gentilmente, dedicando-lhes lindos trabalhos, surreais.
     Bem, nesta minha visita a sua página, relendo seu último texto, um poema dedicado ao poeta João Ricardo  Jundiaí, vi que é sem nehuma dúvida, de longe,  o melhor e mais real poema que já li nesses últimos e enfadonhos dias de quarentena nesse Recanto, que retrata a situação que vivemos agora, onde muitos tentam descrever com apelos políticos, partidários, religiosos, ideológicos, técnicos e opiniões pessoais. O nome do seu texto intitula-se "Já abusamos do destrutivo!". O Cláudio tinha uma visão humanista muito apurada, estava à um passo do olhar comum, ele conseguia adentrar onde poucos conseguem com sua poesia.
     Ele inicia falando que tudo no mundo é fase, até as mais dolorosas e angustiantes crises. Nos fala da dor num tom natural, transmitindo esperança, anestesiando os gemidos com uma canção que nos alegra o coração mesmo sem estar sendo tocada, mas que nos leva numa dança maravilhosa pela vida que pulsa. Nos alerta que devemos nos permitir renovar-se, acompanhar o processo natural evolutivo que o universo nos propõe. Nos lembra da efemeridade das coisas, mas, que as vivamos intensamente, que tiremos delas seus ensinamentos, que sejamos sensíveis para uma construção interior melhorada, que sejamos novos operários frente a tudo que invariavelmente ficou para trás, escombros mentais em ruinas sentimentais. Meu amigo Cláudio, obrigado por continuar nos ensinando a sermos melhores como seres nesse mundo. Você ainda vive, em cada um de seus textos.



Cláudio Poeta: Poeta-Cantor-Ator-Escritor-Compositor-Bambuterapeuta, escolheu Itacaré na Bahia de todos os santos como terra para seu descanso final.
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 18/04/2020
Reeditado em 18/04/2020
Código do texto: T6921209
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.