Uma mistura de Bob Dylan, Tommy, Belchior e Maiakovski
Apesar de, se pudesse escolher, seria um ex-beatle, minhas referências não estão em Liverpool, Cavern Club, Apple, Abbey Road. Não fui amigo de Mal Evans, Brian Epstein, Tia Mimi, Júlia, Stuart Sutcliffe e Pete Best.
Não acordei no mesmo quarto de hotel ao lado de Elsie Starkey, Maureen Coux, Olivia e Pattie Boyd. Minhas filhas não estudaram no mesmo colégio que Julian, Dhani, James, Sean.
Não viajei de Londres para Hamburgo, ou fiquei no deck em Southampton tentando chegar à Holanda ou França; Não comi bolo de chocolate dentro de um saco em Viena, Peter Brown não me ligou para dizer "você pode fazer isso, pode se casar em Gilbratar, perto da Espanha.
Não recebi e nem devolvi a medalha do império britânico, não pedi para a burguesia chacoalhar suas joias nos acordes iniciais de Twist and shout; Não toquei sitar com Havi Shankar ou desjejuei ao lado do guru Maharish Mahesh Yogi na Índia.
Não ouvi a primeira audição de Sgt Peppers, Revolver, The White Álbum, Help, Please Please me, A hard day’s night, Rubber soul, Let it be.
Nunca cantei A hard days night, I wanna hold your hand, The long and winding world, Get back, Michelle, Hey Jude e Yesterday no karaokê.
“Sont les mots qui vont tres bien ensemble”.
As palavras vão muito bem quando vão juntas, quando agregam um poema soviético, uma canção latina americana, uma ópera rock ou uma frase como tudo bem mãe, só estou sangrando.
Os Beatles não tocaram no palco em Woodstock, Bob Dylan sim; Os Beatles não nasceram em Sobral, Belchior sim; Os Beatles não jogaram Pimball, Tommy sim; Os Beatles não eram poetas futuristas, Maiakovski sim.
Sou uma mistura, um apanhado de Bob Dylan, Tommy, Belchior e Maiakovski, com uma 'porção' Beatles.
Ricardo Mezavila.