Diário de um enclausurado
Diário de um enclausurado
16 de abril – Deus lhe pague
Amanheci com uma canção na voz; “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Hoje você é quem manda...” o grande Chico Buarque – esquerdopata classificado por quem não sabe nem escrever uma frase com coerência – veio fazer presença em minha tão silente casa. A manhã foi acompanhada de um “Cálice” e um grito desumano. Ouvi um “Bom conselho” e percebi que, mesmo na mazela atual, ainda apedrejam a “Geni” – ela não pode salvar agora. “Meu caro amigo, a coisa aqui tá preta, tem “Boi voador” e parece que “Não existe pecado ao sul do equador “ para as tolices e falácias propagadas por uma erva daninha que brotou em nossa primavera . Um “Bom tempo” virá e tudo, decerto, voltará ao normal. Assim espero, esperamos.
Ouvir as canções do Grande Chico Buarque e fiz do meu dia, apenas mais um dia. Entretanto, “Basta um dia” para não ficar “À flor da pele” .
Almocei, lanchei e no fim de tarde, já estava rindo e brincando feito o eu lírico de “Ela desatinou”, fazendo o meu carnaval sozinho.
A noite, relutei, mas liguei a Tv e a liça continuava. A briga entre a vida e a economia e a derrota estava no prato e no medo de cada um. Esperei o “Meu bem querer”, mas, na quarentena, a saudade é o revés de um parto e dormi nos braços exaustos de uma alegria proporcionada pela genialidade de Chico Buarque
Mário Paternostro