Eu diante de um bolsonarista
No dia 17 de abril de 2020, eu saí para fazer o pagamento do livro "Tao te ching", de Lao-Tsé (sábio chinês), uma nova versão comentada dessa obra de rara sabedoria. Eu já tenho esse livro, mas essa versão comprada no dia 17 de abril de 2020 (pela internet) parece ser muito melhor. Ao voltar para a minha casa, passando pela Avenida Domingos Sertão, em Pastos Bons/MA, eu buzinei para um amigo (muito mais velho do que eu) que mora na avenida mencionada. Ele acenou, pedindo que eu fosse falar com ele. Mesmo em tempo de pandemia de coronavírus, eu voltei e fui falar com esse meu amigo, ficando sobre a moto, a uma distância de mais ou menos dois metros.
A gente conversa muito sobre política. Nesse dia, estava perto dele um bolsonarista, muito conhecido na pequena cidade de Pastos Bons, de uma família muito grande e muito conhecida também. Esse cidadão, simpático, legal, começou a defender Bolsonaro e a reprovar Luiz Henrique Mandetta. Sem demora, ele começou a condenar o afastamento ou distanciamento social. Eu, assumindo uma postura socrática, perguntei-lhe, usando a variedade popular: "Tu tem filho?". Ele respondeu: "Sim!". Eu lhe perguntei: "Tu deixa uma pessoa que não sabe matemática dar aula de matemática pro teu filho?". Ele não respondeu, pois imaginava a que ponto eu queria chegar. Eu insisti, mas o cidadão não respondeu. Passou a dizer outras coisas, nada ofensivo. Eu, gargalhando, disse: "Tu acha que eu vou deixar de escutar os médicos, a Ciência e a Organização Mundial da Saúde pra escutar Bolsonaro?". Ele riu, o meu amigo riu, eu ri. Eu disse: "Bolsonaro é louco". Ainda fiz uma pergunta trivial: "O que Bolsonaro fez em 28 anos como deputado?". Seu defensor não respondeu. Falei para o meu amigo, que não é defensor de Bolsonaro: "Seu Zé, depois a gente conversa". Rindo, amistosamente, eu disse ao bolsonarista: "Tu me encontrou numa fase boa, porque, se fosse antes, a gente ia brigar". Ele ficou rindo, e eu saí. Passei em uma farmácia e comprei quatro máscaras: duas para a minha mãe e duas para mim. Quando eu sair de casa, durante a pandemia da Covid-19, sairei usando máscara.
Parabéns a Luiz Henrique Mandetta pelo excelente trabalho realizado no Ministério da Saúde! Ele não perdeu nada. Ele saiu vitorioso. Ele afirma ser um defensor "intransigente da vida, do SUS e da Ciência". Isso é muito bom! Foi por isso que ele foi demitido. É claro que todo político age por interesse. Todo político age pensando em voto. Mas é muito bom quando um político defende a vida, o SUS e a Ciência.
Estou aprendendo a compreender os defensores pobres de Bolsonaro. Muitos são pessoas simpáticas, legais, com as quais podemos ter relacionamentos amistosos. No entanto, eles se encontram na caverna, na escuridão mental. Eles não conseguem escutar a razão. São pessoas que tratam a política como futebol. Isso prejudica a sociedade. A falta de formação política os leva a agir assim, sem conhecimento das consequências sociais de seus votos e apoio político. Política é coisa séria. Política não é futebol, não deve ser tratada como futebol, não precisa nem depende de torcida.
Buda e Epicteto me ensinam como agir diante de um bolsonarista, diante das circunstâncias da vida. Eu afirmo: não importa quem seja, se algum defensor de Bolsonaro tiver bom senso, se me escutar e usar a inteligência, ele deixará de defender Bolsonaro. Basta ter bom senso, escutar o que eu digo e usar a inteligência. Qualquer um deles (pode ser homem ou mulher), se obedecer a esses três critérios, deixará de defender Bolsonaro. Eu farei muitas perguntas, apresentarei fatos, argumentos, levá-lo-ei a enxergar quem é Bolsonaro. Difícil é um bolsonarista obedecer a esses três critérios. Mas muitos já se arrependeram. Exemplos: ator Carlos Vereza, advogada e política Janaína Paschoal. Se o bolsonarista não obedecer a esses três critérios que eu citei, não vale a pena tentar tirá-lo da caverna. Deixemo-no "com a sua velha opinião formada sobre tudo".