Diário de um enclausurado

Diário de um enclausurado

15 de abril – “vai, malandra!”

Dessa vez, acordei com o todo o gás, mesmo ele estando o olho da cara. Tomei duas três xícaras de café e arrumei a casa, afinal, quanto mais limpa maior a chance do invasor – vírus- ficar do lado de fora.

De repente...

Liguei a Tv e vi um ministro e sua declaração, na qual, fiquei entusiasmado. Na solidão, uma notícia dessas, ainda mais o remédio a ser receitado hum, hum A cura estava próxima e ouvi, apenas, um nome: Anitta. Meu Deus! Será que aquele rebolado que aquece a solidão também teria o poder de seduzir o covid-19? Não era a cantora e seu corpaço quem iria me tirar da clausura, um vermífugo seria a porta aberta da minha casa. Que pena! Gritei: Vem, malandra, mas alguém quer me receitar um remédio de verme. Eles defecam e eu terei limpar?

Resolvi ler e: a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão do Ministério da Saúde, emitiu parecer favorável ao desenvolvimento de uma pesquisa com nitazoxanida 600 mg, um vermífugo conhecido pelo nome comercial Annita, para o tratamento de pacientes com covid-19. A droga é apontada como o remédio "secreto" mencionado nesta quarta-feira (15) por Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, como aposta para encontrar uma cura para a doença.

Pelo menos, tal lembrança me fez assistir ao empoderamento feminino e passar meu dia com a verdadeira Anitta. Curei a minha solidão, momentaneamente.

A tarde, fiz uma atividade física. 15 minutos e a sensação é que tinha corrido a São silvestre. Parei e ao me olhar no espelho, me senti mais magro. A clausura cria uma personalidade nova.

Com a chegada da noite, muita comida e futebol antigo. Comemorei gols já feitos e apostei no placar já concluído. Tudo para suportar o tempo. Mas, antes de deitar, resolvi tomar um pouco mais da cura; Anitta.

Enfim, curei-me!

E o vermífugo?

A receita vem da cabeça de camarão

Mário Paternostro