Diário de um enclausurado
Diário de um enclausurado
16 de abril –missão e demissão
As notícias são as mesmas. A vida é a mesma. O mundo... diferente e estranho. Dentro de 100m², circulo e faço o tempo se alongar. Está difícil? Certamente que sim, entretanto, há aqueles que além do vírus têm a luta pela sobrevivência. Os dados apresentam números assustadores e o pico – parte alta do contágio – é sempre adiado.
Além do coronavírus, temos, aqui, no Brasil, a briga pelo poder. Quem tem mais para dar! Quem está mais preocupado com isso ou aquilo! Empresários ou donos de empresa convocam seus servos para o campo de batalha. O discurso é o mesmo: a economia não pode parar. Nas entrelinhas: morra, mas produza.
O líder da Nação achou, sem pesquisas, a cura. Tolo ou tolos? Acreditar no milagre parece ser a solução para uma população proscrita. Ademais, o ministro da saúde foi exonerado. A doença está contagiando os três poderes. A mídia provoca, o idiota acha, os políticos especulam e o povo espera, espera, espera, espera.
O dia de hoje foi de números altos, com baixas e com vontade de sair e abraçar o meu maior inimigo – percebam o drama do isolamento. É preciso ouvir a voz humana, além do meu eco e aquelas vozes que ecoam saindo de um aparelho.
Um banho para lavar o corpo e a alma e deitar no sofá, como de costume, ler um livro, assistir a um filme e dormir, acordar, dormir, acordar – o meu sono é atribulado como o pesadelo que vive o mundo
Mário Paternostro