PREFIRO ME CONTAMINAR...

Todos os dias dá um sentimento tão esquisito... A vida não é mais aquela... Não é só por causa dessa pandemia, pois acho que o pior vírus que existe é a falta de empatia e de compaixão para com o outro. Assim, procuro rir e me alegrar através do saudosismo que toma conta do meu âmago através das boas lembranças e me dá algumas perspectivas desse presente de incertezas. No tempo de minha juventude, ninguém tinha medo de se aproximar do seu próximo e a confiança era mútua (apesar que as pessoas mudam através dos tempos e já senti isso na epiderme). Tomara que, em breve, as notícias boas comecem a pipocar como pipocas numa panela quente... Oxalá, pipoquem!

O futuro, dizem, a Deus pertence, mas acho que esse futuro depende só de nós; de cada um de nós!

Quando tomamos a consciência de que não adianta fazer muitos planos para o futuro, sobretudo, quando envolvem terceiros, estamos a dar cumprimentos de bons resultados para nós mesmos.

Aprendi, neste período singular, dessa era humana que, se você quiser ser feliz na totalidade, deposite só em você suas expectativas, pois é melhor ter expectativas só com você, do que cair em decepções por causa de pessoas que pouco ou nada contribuem para ajudar e, pior ainda, julgam sem ter conhecimento de causa ou bebido do fel ensopado numa esponja que só você experimentou. Por isso, escolha com muito zelo para quem você abre seu coração, pois nem todos merecem saber aquilo que você tem dentro dele e nem todos têm interesse nisso e pode ser somente curiosidade, apenas tão-somente, curiosidade!... Estou aprendendo...

Vivemos num tempo que a morte fica como um caçador na espreita de sua incauta caça, esperando o momento de ataque, com sua arma que é um vírus mortal desdenhado por alguns em detrimento do conhecimento científico. Nisto, começo a analisar: será que o pior dos vírus é esse que veio da China? Sei que ele mata o corpo físico, mas, e aquele manipulado e construído pela nossa falta de compreensão daquilo que a vida tenta nos ensinar? Este outro não mata o que conhecemos por alma? Morte não menos pior! E mais... Somos todos perfeitos como alguns acham que são? Seremos nós bastiões palpiteiros da justiça? Entendemos, verdadeiramente, a diferença do outro, de seus anseios, suas dificuldades, suas alegrias ou suas tristezas? Nos colocamos no lugar do outro e calçamos seus sapatos para andar em seus caminhos? Se julgamos, temos paciência de ouvir os dois lados de qualquer questão antes de formularmos algum veredicto final?

Na verdade, um dos piores vírus é a da pobreza de espírito, cujo efeito são: a antipatia com o outro, a avareza, a ganância, os interesses escusos, o individualismo, o desinteresse para fazer o bem e, ainda, o coração de iceberg.

Em tempos de doenças desproporcionais à vida, cada um escolhe se quer ser contaminado ou não com essas doenças inerentes apenas ao ser humano, as quais, sempre existiram por aí. Eu, porém, prefiro me "contaminar" pela pandemia da sinceridade, de não abandonar jamais quem me deu confiança e cuidados, da análise introspectiva, do ajudar os animais de rua, de procurar ser honesto e do caráter que nunca irá me cobrar à consciência. Com certeza, contra essa minha "contaminação", não quero ser vacinado, nunca!

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