2 PRA LÁ, 2 PRA CÁ

2 PRA LÁ, 2 PRA CÁ

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A culpa é do bolero! Este ritmo que, em uma época em que o rock, o twist, o iê Iê iê, a música eletrônica separava os casais, ele colava rostos e corpos muitas das vezes de forma eterna, enquanto durasse.

Sutil e contraditoriamente, ao juntar casais ele nos fazia ir de um lado para outro fazendo com que a cada par de passos e com uma curta parada a cada passo, fazia balançar os corpos o que nos obrigava a uma proximidade máxima para que o casal não se separasse e atropelasse a apaixonante coreografia, onde dois virava um.

O dois pra lá, dois pra cá, provavelmente pela ausência de uma sensibilidade “musical”, nas gerações que nos sucederam, basta ligarmos o rádio e ver o que se toca, nos fez a cabeça de forma que ele foi levado ao pé da letra e nos trouxe a bipolarização extrema 2 pra lá e 2 pra cá. Hoje somos compulsória e inadvertidamente compelidos a ser do contra, somos 2 pra lá e 2 pra cá. Ainda que em uma determinada questão formamos um consenso estes mesmos elementos se contradizem nos detalhes. Uns se posicionam ao lado azul, apesar de estar em baixa, e outros do vermelho e se esquecem do verde e do amarelo que está acima de tudo.

Absurdamente polarizamos a pandemia. Onde até a provável cura foi descartada, no discurso, pois ela não era uma ideia do time dele. No centro do poder a polarização se deu entre o vertical e o horizontal, sendo que somos bípedes “homo erectus” e como tal devemos alternar a verticalidade e horizontalidade.

Hoje a vida nos ensina que ela se comporta em um círculo vicioso, pelo menos financeiramente. Enquanto se discute se é o governo que tem que bancar a impossibilidade do trabalho pelo isolamento social horizontal e o governo por sua vez defende a verticalização para que os recursos sejam gerados e possam ser distribuídos pergunto eu na minha total ignorância financeira, será que o outro time quer que o governo recolha o dinheiro de todos e que o distribua de forma igualitária entre todos? E que isto seja feito em ciclos, mensais, trimestrais, semestrais ou anuais? Seria isto o comunismo financeiro? É fácil, basta o governo criar uma alíquota única para o imposto de renda, 100%, e renda será tudo que se ganha sem isenções.

Se assim fosse as populações só enriqueceriam se o número de mortes fosse maior que o de nascimentos. É isso o querem os vermelhos. Seria o fim do bolero, pois os corpos já não poderiam mais bailar unidos, senão a morte seria postergada e a natalidade estaria em alta.

Hoje nos prendem em casa e soltam os presos. Nos colocam máscaras e os bandidos não as usam. Os povos orientais comunistas se tornam as principais nações capitalistas no mundo. As notícias são vendidas por jornalistas venais, a saúde é comercializada por laboratórios químicos, por médicos que se submetem as operadoras de saúde, que vendem doença. Está tudo errado e é preciso entender que o aprendizado vem pelo amor ou pela dor, e todos nós sabemos o que nós escolhemos para aprender.

Nos tornamos pérfidos, só gostamos de brigas, não respeitamos nossos juramentos e não cremos em ti, me pergunto que queres tu de mim, somos sentimentais demais e já não consigo contigo aprender. Espero que não seja o fim.

Eu aqui na minha quarentena sem precisar saber se é dia ou noite e achando que todo dia é domingo e que a única certeza é a incerteza, fico aqui sonhando e com o barulho do vento danço dois pra lá e dois pra cá.

Geraldo Cerqueira

Geraldo Cerqueira
Enviado por Geraldo Cerqueira em 16/04/2020
Código do texto: T6919309
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