ABRIR NOSSA CATEDRAL. OUVIR NOSSO INTERIOR.

A famosa vitimização traduz perseguidos políticos que não são perseguidos, condenados sem que haja prova, caluniados sem delito contra a honra, sofredores de males pessoais que seriam originários de outras motivações.

Ninguém melhor do que o “Bruxo” para situar essas situações.

Quando da publicação do Livro Vermelho de Jung, notável e discutida obra, inúmeros pacientes do genial Professor entenderam o objetivo do trabalho encetado.

Alguns ficaram intrigados com a vastidão do mundo literário que se abria, com grandes árvores de sabedoria, cérebros reptilianos, dragões devoradores e a serpente kundalini, outros lembraram do conselho que o doutor Jung lhes dava:

“Recomendo que escreva seus pensamentos, emoções e sensações em um livro muito bem encadernado. Pratique a visualização, medite, relaxe e, então, seu poder será liberado…Quando essas coisas estiverem em seu querido livro, você pode recorrer a ele para olhar suas páginas, e será para você a sua igreja – sua catedral -, o lugar silencioso do seu espírito onde encontrará renovação. Se alguém disser que isso é mórbido ou neurótico e você lhe der ouvidos, você perderá sua alma, e esse livro será sua alma”.

Não perca sua alma, precisamos dela leve e limpa, transparente quando o espírito partir. Necessitamos de nossas verdades para serem vistas por todos.

Termos nossa Igreja, nossa “catedral”, implica em abrir um sacrário que é só nosso. E nos descobrirmos. Fazer surgir nossos demônios e encará-los, ser corajoso e enfrentarmos o medo da luta contra eles. Identificá-los. Chamá-los para arena. Se assim não nos conduzimos não se trata de covardia, mas de ausência de têmpera. Talvez essa seja a maior das fraquezas.Mas se compreende como defesa, todos se defendem. Os covardes fogem, os que não têm tempera se vitimizam. É mais fácil a indiferença, andar de lado, ignorar o que nos ronda, do que enfrentar nossas demonizações.

Abrir a porta de nossa Catedral, para poder, quem sabe, vê-la se iluminar, pela nossa vontade de melhor nos conhecermos, resulta de grande proveito.

Quantos chegam e saem do mundo sem se conhecerem?

Se despojar de tudo como fazem os monges e aceitar o que lhes reservou a vida em seus ciclos. Já assim se estaria no limiar da entrada, e o cenáculo pode se revelar.

Esse é “o lugar silencioso do seu espírito onde encontrará renovação.”

Já é um grande passo para a total realização.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 16/04/2020
Reeditado em 16/04/2020
Código do texto: T6918892
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