FINAL FELIZ E DOCE

Apesar de morar próximo a um buffet a Clara convivia muito bem com a situação. Gostava e curtia as músicas nos dias dos eventos. Alguns vizinhos lhe procuraram para assinar um documento para tirar a casa de festa do meio residencial. Ela se negou e por isso ganhou até algumas inimizades.

Até que um dia houve uma grande festa de quinze anos no local. Começou na sexta-feira por volta das 20.00 horas. Tudo dentro dos conformes. Valsa, parabéns depois músicas jovens e Clara dormiu embalada com sons maravilhosas. No dia seguinte, no sábado, a festa continuou com banho na piscina e agora o som era mecânico. Tudo corria muito bem até um paredão de som fez tanto barulho que nas residências não era possível ouvir sequer uma palavra. Clara para falar com o marido precisava gritar no ouvido dele. Isso já era na tarde do sábado.

Não dava mais para aguentar. Clara decidiu ir ao buffet para por fim na festa. Pronta para brigar se preciso fosse. Seu esposo fez tudo para ela não ir. Conhecia o gênio de sua mulher. “Dava um boi para não entrar numa briga, mas se entrasse dava uma boiada para não sair.” E ela foi cheia de valentia. Conhecia seus direitos, a Lei do Silêncio, sabia da legislação sobre a poluição sonora e foi toda armada para argumentar e protestar.

Em casa todos ficaram apreensivos. Aguardando o desfecho com preocupação. E em poucos minutos o som cessou. Vale-me Deus! A festa era de jovem e deveriam estar bêbados. Isso não iria dar certo. Clara era esperada com ansiedade pelos familiares e como ela demorava a voltar. Finalmente ela adentra, ufa que alívio. E para surpresa de todos vinha calma e feliz. Despejou em cima da mesa a metade de um bolo confeitado. Que é isso? Você foi para brigar. O que significa esse bolo?

Tranquila ela respondeu. Calma! Resolvi tudo amigavelmente. A festa era da sobrinha de uma grande amiga minha. Quando cheguei lá a dona do buffet estava apreensiva e louca para acabar a animação mas não tinha como. Aí eu entrei no espaço onde a bebida rolava aqui, banho de piscina acolá, a música mais adiante, no salão muita gente dançando. Ao meu encontro veio a grande amiga minha já me trazendo um copo de cerveja, oferecendo tira gosto e me entrosando no ritmo da folia. Isso foi o bastante para me desarmar e fiquei tranquila para fazer a minha reclamação. Era os quinze anos de sua sobrinha e o paredão do som já era por conta dos amigos que se cotizaram para continuar a comemoração. Simplesmente ordenou que parasse o barulho chamou a garçonete e mandou embalar a metade do segundo andar do bolo para eu levar para a casa. Simples assim!

Fizemos tempestade de um copo d´água. Tudo foi resolvido na paz e tranquilidade. Para tudo tem que ter um jeitinho. Principalmente quando se quer reclamar. E fiz isso de maneira sábia. Final feliz e doce.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 16/04/2020
Reeditado em 17/04/2020
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