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Livros da Vida
Sempre quando rompemos um ano dizemos que temos um novo livro a ser preenchido e desejamos aos nossos familiares, amigos e conhecidos que o preencham com muitas alegrias e conquistas. E assim, ano após ano, com o passar do tempo, vamos pondo nas estantes de nossa memória cada livro escrito segundo o tic tac do voraz relógio.
Cada um de nós é um livro cujas linhas são redigidas diariamente e nem nos damos conta disso, talvez esta seja uma das belezas do criador - saber que as eras passsam sem nos darmos conta dessa passagem e assim sendo não entramos em aflição. Ao cair da idade, acaba-se a pressa, o passo fica mais lento, e ainda assim continuamos a redigir o nosso livro; outros não têm tanta sorte e são pegos pelo Alzheimer e o que acontece? As obras guardadas na memória são revistas e lidas em alto e bom tom - são as lembranças que voltam em uma contagem regressiva e vão-se apagando até o fechamento total da coleção da vida.
O ano de 2020 era para ser "o ano". Quantas expectativas foram criadas para a nova década? E o que 2020 nos trouxe? Uma Pandemia. Mudou todas as relações comerciais, obrigou-nos a ficar em casa num isolamenbto social, nos fez ver que os mais vulneráveis precisam de nós e de como a bondade e o zelo com o próximo nos faz bem. Apesar das dores e das incertezas, acredito que temos um olhar mais humano e mais fraterno para com o outro.
Infelizmente, percebemos que muitos livros serão fechados para sempre, não haverão histórias e nem lembranças; volumes inteiros já vividos e outros, apenas folhetos, que aspiravam tornar-se compêndios de uma vida interia a ser degustada serão para sempre deletados do nosso mundo. É duro, é cruel saber que enciclopédias (idosos) e pequenos registros (jovens) tenham esse triste fim. Que Deus nos guarde deste mal que assola a humanidade.
Alvaniza Macedo
15/04/2020