SAIR À RUA É UMA AVENTURA?

Sair à rua parece que virou uma aventura. Os filhos proíbem, e as netas fazem coro. Já rodei mundo e fiquei mês e mais de mês com saudade depois de quinze dias, da minha rotina. Muitas aventuras. Minha mulher diz que tenho “banzo”. Quinze dias bate a saudade. Mas sempre tive enorme retorno. Sempre fui em busca do que me seduz, arte e cultura.

Evidentemente não haveria senão alegria no arquivo de minha visão.

Não sou consumista, e não reprovo quem seja, perfil de cada um, mas obviamente consumo o que preciso e gosto. E sou um “gourmand”.

E não passo sem vinho na refeição. Preso faz quase trinta dias, meu climatizador de vinho começa a dar sinais de ausência de plenitude. Precisa reforço. Almocei e fui a essa nova aventura, ir à rua. Poucas pessoas de máscara. Eu certamente de máscara; é indispensável, e será por algum tempo.

O mercado, fantástico, seis mil metros, fica a duas quadras da minha casa, uns 500 metros. Construído em uma verdadeira chácara que era de amigo meu falecido. Gigantesco, Mundial. Um espetáculo. E sua venda de vinhos me espanta, mesmo que importem diretamente, pelos baixos preços praticados. Só tem uma diferença, só se pode pagar com dinheiro ou cartão de débito. Creio que por isso podem retirar dos preços as taxas de cartão, que variam de 5 a 7 %. Vendem a preços inacreditáveis vinhos italianos maravilhosos. Por trinta por cento abaixo dos preços usuais.

Comprava em outro mercado de amigos italianos que me vendiam a preço de atacado. Nem assim superam o Mundial.

Mas não fui de carro como faço para trazer a mercadoria. Fui puxando o carrinho que tem minha mulher, que é grande e antigo, mas muito bom de capacidade. Quando pensei que isso seria uma aventura, cômico, fugido de meus filhos e genros dizendo que iriam para mim, e aquiesci, ri sozinho, quando derem pela coisa já era.

Nunca cederia ainda que grato, vinho é pessoal, e embora se dê marcas e rótulos, não teriam alternativa de opção na falta de um ou outro. E voltei puxando vinte garrafas do Deus Dionisio.

Dei Sani da Toscana, um deles, uma saborosa uva sangiovesi que te leva para o céu. A aventura não foi tão trepidante. Mas não deixei de trazer um reforço para whisky, pois se o “bicho” não gosta de álcool, um dedinho caubói na garganta, sua porta de entrada, mata o vagabundo. Isso se necessário.

Não foi uma grande aventura...mas é surreal como tudo que cerca esse momento.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/04/2020
Reeditado em 15/04/2020
Código do texto: T6918250
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