A criança e a dificuldade econômica de seus pais.
No ano passado, tão logo iniciei o meu trabalho como escritor aqui no Recanto, em julho, eu publiquei uma crônica intitulada “O desejo de uma criança adulta,”na qual é retratada a minha vontade, quando criança, de ter um brinquedo de boa qualidade que, na época, era fabricado tão somente pela empresa Estrela, uma vez que não existia comercialização com a China, atualmente, o maior exportador de réplicas de carros antigos. Justifiquei o fato de não conseguir obter o que tanto almejava, em decorrência da grande dificuldade de meus pais em atender a minha pretensão, haja vista que na ocasião, já tinham seis dos onze filhos que se completaram posteriormente. Declarei também que o meu pai nos presenteava com brinquedos mais acessíveis, mas jamais deixou de cumprir o seu papel, alegrando os nossos Natais e os Dias das crianças, oferecendo-nos, dentro de suas possibilidades, carrinhos de plástico e jogos de damas, etc...Acrescentei, ainda que, felizmente, os meus filhos puderam vivenciar melhor estágio de vida, pelo aspecto econômico, e obtiveram, dentro de minha remuneração, os presentes solicitados. Finalmente, naquela crônica, narrei o acontecimento de que, já adulto, pude satisfazer o meu desejo de criança, cujo espírito permanece até a atualidade, comprando e colocando nas estantes de meu escritório, todas as miniaturas de carros antigos, atendendo, assim, a minha expectativa.
Tendo em vista ser hoje, 12 de outubro, o Dia da Criança, decidi escrever a presente crônica com a intenção única de mostrar ao leitor que, independente de ser bom e cumpridor de seus deveres para com a família, o pai nem sempre consegue presentear a seus filhos, como gostaria, sofrendo por isso. Diante desse quadro, possivelmente temporário e reversível compete a nós, genitores, dialogar com os respectivos filhos, mostrando-lhes a realidade do momento, conduzindo-os á expectativa de que haverá um futuro promissor e, então, poderão ser atendidos naquilo que pretendem. Em contrapartida, os filhos, em idade de compreensão, deverão entender o problema de seu pai demonstrando concordância com o que lhes foi ofertado e combinado.